Com menos de um ano de funcionamento, a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), da Vale e da ThyssenKrupp, é sinônimo de problemas. Multada recentemente em R$16,8 milhões por poluir com fuligem cerca de seis mil lares em torno da empresa, no Rio de Janeiro, desta vez ela terá que adiar sua plena produção para 2012.
A medida não é preventiva. Visa a adequar suas operações às determinações ambientais, visto que desde julho de 2010, quando entrou em operação, dois acidentes graves aconteceram e ambos atingiram as comunidades que vivem no entorno da empresa.
Funcionando com uma licença de pré-operação, a empresa terá um ano para tentar garantir que acidentes como o que gerou o despejo de material particulado sejam extintos.
Apesar de afirmar que está adotando a medida voluntariamente, a pressão contra a operação da siderúrgica em Santa Cruz, no Rio de Janeiro, é cada vez maior sobre a empresa. Segundo o grupo “Atingidos pela Vale”, há um contraste no discurso eufórico de desenvolvimento ante a vinda da CSA para o Rio de Janeiro e os impactos assistidos pelos moradores de Santa Cruz, desde 2004, quando foi iniciada a sua instalação.
No Espírito Santo, o sentimento é de apreensão. A Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU), da Vale, será construída nos mesmos moldes propostos pela CSA. A informação foi dada durante os debates entre comunidade, técnicos responsáveis pelo Estudo de Impacto Ambiental (EIA), Vale e Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema). Entre os ambientalistas, há o temor generalizado de que os riscos da poluição flagrada no Rio de Janeiro se repitam em Anchieta.
Assim como é previsto para CSU, a CSA tem a capacidade de produzir 5 milhões de toneladas por ano. No momento, a CSA está autorizada a produzir o equivalente a 3,3 mil toneladas por ano, até que finalize os reparos na indústria.
A limitação da produção diária dos alto-fornos à 60% foi definida pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea-RJ). O objetivo é evitar que a poeira de grafite, atinja a comunidade como ocorreu em dezembro de 2010.
Já no Espírito Santo, calcula-se que só a CSU, que está em processo de licenciamento, produzirá 28,3% dos gases estufa de todas as siderúrgicas existentes no País, seguindo o Inventário Nacional dos Gases do Efeito Estufa.
(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 03/02/2011)