"O salmão de cultivo mata”. Esse é o lema da campanha internacional lançada nesta semana pela Aliança Global Contra a Aquicultura Industrial (Gaaia, por sua sigla em inglês). Com desenhos semelhantes aos utilizados pela campanha "Fumar mata”, a ação pretende alertar para os danos sociais e ambientais causados pela indústria do salmão.
Para isso, além das imagens, as organizações sociais do Canadá, Chile, Noruega e Escócia divulgarão, ainda neste mês, um informe sobre as empresas de salmão. O relatório, intitulado "Fumo na Água, Câncer nas Costas”, tem o objetivo de destacar os impactos sanitários, ambientais e sociais gerados pela produção desse peixe. A ideia é posteriormente também divulgar análises sobre os problemas gerados pelas indústrias de cultivo de camarão, atum e peixes geneticamente modificados.
De acordo com os integrantes da Aliança, ademais de Noruega, Chile, Canadá e Escócia; Irlanda, Estados Unidos Austrália, Nova Zelândia, Japão e Rússia também sofrem com a expansão da indústria do salmão. E se engana quem pensa que os problemas causados por essas empresas são apenas no meio ambiente. Relacionado aos danos ambientais, há também os sociais e até mesmo os laborais.
Juan Carlos Cárdenas, diretor do Centro Ecocéanos, comenta, por exemplo, que, no Chile, para alimentar os salmões, as empresas exploram os pesqueiros pelágicos do Pacífico sudeste; ou seja, utilizam recursos chilenos para alimentar salmões que serão exportados. "Com isso as transnacionais do salmão norueguesas, espanholas e japonesas têm tirado estes valiosos recursos marinhos da boca dos cidadãos latino-americanos”, afirma.
Em relação aos trabalhadores dessas empresas, a situação também não é animadora. De acordo com Cárdenas, nos últimos anos, a indústria do salmão foi responsável pela morte de 64 trabalhadores e mergulhadores chilenos, e pela destruição de 20 mil postos de trabalho no arquipélago de Chiloé. "A indústria do salmão tem sangue em suas mãos e um vergonhoso comportamento corporativo”, destacou.
As imagens da campanha, assim como as informações sobre a Aliança Internacional estão disponíveis, em inglês, em: http://www.gaaia.org/
Incineração de salmões
Um importante avanço na luta contra a poluição marítima foi recentemente conquistado no Chile. No mês passado, o senado aprovou o Projeto de Acordo referente ao "Convênio sobre a Prevenção da Contaminação do Mar por Derramamento de Dejetos e outras Matérias” (Convênio de Londres 1972), o qual proíbe a "incineração no mar de qualquer dejeto”. Com isso, a indústria do salmão não poderá mais instalar incineradores no mar com a intenção de eliminar os peixes mortos.
De acordo com informações do Centro Ecocéanos, somente de maio do ano passado até agora, o Sistema de Avaliação de Impacto Ambiental recebeu cinco projetos de instalação de incineradores para salmões mortos na província de Última Esperanza, em Magallanes, Chile.
(Por Karol Assunção, Adital, 03/02/2011)