Passados os efeitos da crise econômica mundial, iniciada em setembro de 2008 nos Estados Unidos, a silvicultura voltou a crescer com mais força em Mato Grosso do Sul. Levantamento preliminar da Associação sul-mato-grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas (Reflore-MS) indica aumento de 26,7% na área plantada de eucalipto e pinus em 2010 no Estado, em relação ao ano anterior. O percentual é três vezes superior ao crescimento de 8,3% verificado em 2009.
Após o fim dos efeitos do “furacão” econômico causado pelo setor imobiliário norte-americano, as empresas de celulose retomaram os projetos de investimento no Estado. E os investimentos se refletiram no aumento da área plantada de florestas. Em 2009, segundo a Associação Brasileira de produtores de Florestas Plantadas (Abraf), houve crescimento de 8,3% na área plantada em relação a 2008, de 284 mil para 307,7 mil hectares. No País, no mesmo período, o setor cresceu 2,5%, de 6,158 milhões para 6,3 milhões de hectares. O aumento foi metade do registrado em anos anteriores, de 5,5% ao ano.
No ano passado, conforme dados preliminares da Reflore-MS, a área de cultivo de florestas no Estado cresceu 26,7%, de 307,7 mil para 390 mil hectares. O aumento só não foi maior porque houve redução de 68% da área de pinus, de 16,8 mil para 10 mil hectares. Já as florestas de eucalipto cresceram 31% em um ano, de 290,8 mil para 380 mil hectares.
Vale da celulose
O governador André Puccinelli (PMDB) confirma a expectativa de transformar a região leste em “Vale da Celulose”. Três Laboas receberá mais duas fábricas, a da Eldorado Florestal e a segunda, da Fibria. A quarta deverá ser da multinacional portuguesa Portucel, que avalia a a instalação entre os municípios de Santa Rita do Pardo e Bataguassu. Apenas estas três empresas deverão precisar de 740 mil hectares de florestas plantadas, segundo o diretor executivo da Reflore-MS, Benedito Mário Lázaro.
Por isto, o Estado antecipou em 10 anos a meta de atingir um milhão de hectares de florestas plantadas em 2020, segundo Lázaro. Inicialmente, o plano estadual previa alcançar este número só daqui a 19 anos.
Oportunidade
A maior parte dos 390 mil hectares de florestas é cultivada por empresas ou fundo de pensão. Segundo Benedito Mário Lázaro, os produtores rurais representam 30% (117 mil hectares) do total cultivado no Estado. No entanto o cultivo de eucalipto e pinus é uma alternativa de renda para o produtor rural, segundo o diretor do Painel Florestal, Robson Trevisan. Ele ressalta que o rendimento por hectare com eucalipto é três vezes superior ao obtido com a pecuária.
Desde 2008, a empresa realiza seminários, congressos e feiras para divulgar as vantagens da silvicultura no Estado. Trevisan explica que o ideal é o produtor destinar parte da propriedade para o plantio de florestas. Além de garantir a recuperação da área degradada, ele poderá obter renda de R$ 30 mil por hectare com o cultivo do eucalipto. “É um investimento (R$ 3 mil por há) de longo prazo”, alerta o diretor do Painel Florestal.
Na região leste, o produtor poderá vender o eucalipto para as empresas de celulose e siderúrgicas. Já na região oeste do Estado, o mercado é formado pelas fábricas de ferro-gusa.
(Correio do Estado, Fátima News, 02/02/2011)