Nações Unidas agendam uma sessão extraordinária das negociações climáticas com o objetivo de discutir o futuro do Protocolo de Quioto, que permaneceu incerto após a Conferência do Clima de Cancún.
A COP 16 em dezembro do ano passado em diversos momentos ficou estagnada em virtude das divergências sobre o futuro do Protocolo de Quioto, que expira em 2012. Depois de muitos debates, o texto final do encontro terminou por dizer apenas que a questão será “abordada e resolvida o mais breve possível”.
Agora parece que as Nações Unidas decidiram que esse “mais breve possível” será nos dias 3 a 8 de abril em Bangcoc, na Tailândia. Segundo informações de agências de noticias, a ONU estabeleceu para esses cinco dias uma nova rodada de negociações voltada principalmente para Quioto.
Com esse novo encontro, a agenda das negociações climáticas para 2011 fica com três eventos. Além de Bangcoc, haverá um encontro em junho em Bonn, na Alemanha, e a grande Conferência do Clima (COP 17) em Durban, na África do Sul, em meados de dezembro. Uma nova sessão poderá ainda ser marcada entre Bonn e Durban.
Representantes de mais de 200 países são esperados na Tailândia, já que o futuro do Protocolo de Quioto é tido como peça fundamental para o as negociações climáticas. É preciso decidir de uma vez por todas se o tratado irá ser estendido, expandido ou abandonado.
Oposição
Quioto entrou em vigor em 2005, obrigando os países signatários a reduzir suas emissões de gases do efeito estufa (GEEs) durante o período de 2008 e 2012 em uma média de 5,12% com relação aos níveis de 1990.
Pelo Protocolo, cada país tem uma meta calculada com base na sua contribuição para as emissões totais de GEE lançadas na atmosfera desde a revolução industrial.
Dessa forma, as nações pobres e em desenvolvimento ficaram sem metas, pois passaram por um processo de industrialização tardio e apenas nos últimos anos aumentaram significativamente as emissões.
Essa foi uma das principais razões que fizeram com que os Estados Unidos não assinassem o Protocolo, pois gigantes comercias como a China e a Índia não possuem metas, o que segundo os norte-americanos tornaria os produtos destes países mais baratos e criaria uma concorrência desleal.
Em Cancún, muito se discutiu sobre o que deveria ser feito com Quioto após 2012. Porém o impasse ficou evidente quando Japão, Canadá e Rússia se recusaram a debater a extensão do tratado alegando que ele não é mais significante, já que deixa de fora justamente os dois maiores emissores, China e EUA.
Nesse ponto eles têm razão, atualmente o Protocolo regula apenas 27% das emissões globais. Porém, a maioria dos mercados de carbono e as políticas de REDD, considerados como boas ferramentas para reduzir as emissões, são inteiramente baseados em Quioto.
Os projetos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), por exemplo, vendem compensações de emissão para empresas de países signatários.
Por isso, a incerteza sobre o futuro de Quioto preocupa investidores e desenvolvedores há meses.
Quem sabe a notícia dessa reunião em Bangcoc traga um fôlego novo para o mercado e alivie um pouco a crise criada pela suspensão temporária do Esquema Europeu de Comércio de Emissões (EU ETS).
(Envolverde/Carbono Brasil, 31/01/2011)