Quando foi a hora de falar sobre mudanças climáticas e desenvolvimento de tecnologias de baixo carbono no Fórum Econômico Mundial ficou claro que são os chineses que estão impulsionando os investimentos e as inovações
“A China irá deixar todos os outros países na poeira”, afirmou Christiana Figueres, presidente da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC), sintetizando o sentimento do Fórum Econômico Mundial, que está sendo realizado em Davos, sobre quem está vencendo a corrida da chamada economia verde.
O investimento do gigante asiático em energias limpas, por exemplo, subiu 30% em 2010 para a soma de US$ 5,11 bilhões. Segundo a Bloomberg New Energy Finance, essa quantia é de longe a maior entre todos os países.
Ainda em setembro de 2010, a empresa de consultoria Ernst & Young já anunciava que a China havia ultrapassado os Estados Unidos como maior polo receptor de recursos para projetos de energia renovável.
“Obviamente os chineses não estão investindo tanto apenas tendo em mente o nobre objetivo de salvar o planeta. Eles estão tão focados porque simplesmente é bom para sua economia”, explicou Figueres.
Para a comissária de ação climática da União Européia, Connie Hedegaard, está na hora dos empresários norte-americanos acordarem para a realidade.
“Os Estados Unidos ficarem para trás por si só não é tão ruim, o problema está na relutância do país em participar da corrida. Os empresários devem colocar pressão nos políticos por mais incentivos, o planeta precisa que exista competição para acelerar as inovações”, disse Hedegaard.
Pelo menos no discurso, Davos está sendo bem focada em promover o crescimento da economia através dos investimentos em novas tecnologias e energias. A questão é saber se isso realmente será convertido em atos concretos.
Redirecionando Esforços
Talvez até para ajudar nessa busca por uma economia de baixo carbono, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, irá alterar sua política de apoio ao combate às mudanças climáticas.
Segundo o jornal britânico The Guardian, Ban Ki-moon vai deixar de se envolver tão diretamente nas negociações por um acordo climático global para se dedicar ao incentivo às energias limpas e ao desenvolvimento sustentável.
A mudança na postura do secretário-geral seria devido às seguidas decepções nos resultados das Conferências do Clima, primeiro em Copenhague e depois em Cancún.
“Está evidente que não haverá nenhum grande acordo no futuro próximo. O secretário-geral irá continuar apoiando as negociações, mas não será mais parte integrada ao seu cotidiano, existem outras questões que precisam de atenção”, afirmou Robert Orr, assistente de planejamento estratégico e conselheiro de Ban.
O secretário-geral deve ficar mesmo mais focado em sustentabilidade, o que será o grande tema da conferência do Rio de Janeiro em 2012, evento que marca os 20 anos do primeiro encontro da Terra, a Eco 92.
(Por Fabiano Ávila, Instituto CarbonoBrasil/Agências Internacionais, 28/01/2011)