A Folha de S.Paulo informa, em nota curta, que especialistas em ambientalismo foram convidados a ministrar um curso compacto sobre o tema ao novo secretário do Meio Ambiente do estado de São Paulo, o jovem deputado Bruno Covas.
Todos sabemos que os cargos de confiança de todos os governos são usados para satisfazer as alianças políticas que vencem eleições. Não deveria ser sempre assim, principalmente nos postos onde a especialização ou o notório saber são condições essenciais para decisões equilibradas. Mas o secretário, como se disse, é jovem e pode aprender rapidamente algumas noções suficientes para não promover um desastre ambiental.
Da mesma forma, alguns colunistas da imprensa, que até há muito pouco tempo consideravam exageradas as previsões sobre mudanças climáticas e adoravam fazer piadas sobre os "ecochatos", são agora ecologistas de carteirinha.
Visão de futuro
Assim caminha a humanidade: uns têm a vocação para contestar o status quo e se posicionam na vanguarda, correndo os riscos do pioneirismo. Outros seguem atrás, cautelosos mas sempre atentos às oportunidades.
Mal ou bem, as preocupações com o patrimônio ambiental vão ganhando espaço nos meios de comunicação. Nas edições de sexta-feira (28/1) dos jornais, por exemplo, há reportagens sobre o aquecimento dos oceanos, sobre a seca no Sul do Brasil, sobre a polêmica da licença ambiental para a usina de Belo Monte.
E há também, no Estado de S.Paulo, a notícia de um estudo patrocinado pela ONU, informando que as mudanças no Código Florestal em curso no Congresso Nacional, se forem aprovadas, podem prejudicar a competitividade das empresas brasileiras de base agrícola e florestal. Dirigido a investidores internacionais, o texto interessa a empresas de papel e celulose, pecuária e alimentos em geral, madeira, biocombustíveis e outros setores.
Trata-se de um exemplo claro de como, muitas vezes, aqueles que contestam hábitos danosos à coletividade estão na verdade protegendo os predadores de si mesmos. Empresários e executivos que não atentam para os princípios da sustentabilidade estão apostando no curto prazo e encurtando a longevidade de seus empreendimentos.
Da mesma forma, um jornalismo que não exercita a visão de futuro corre o risco de envelhecer antes de fechar a edição.
(Por Luciano Martins Costa, Observatório da Imprensa, 28/1/2011)