Sempre que a Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, movimenta-se, procura fazê-lo quase em silêncio, com o menor alarde possível. Apesar de ser uma fonte de geração de energia absolutamente limpa o estigma de perigo* que impera sobre esta que é uma das mais baratas formas de produção de energia exige este cuidado.
A notícia mais recente e interessante é que o Brasil vai aumentar sua capacidade de enriquecer urânio para usinas nucleares. A Marinha planeja iniciar a construção de uma fábrica para ampliar a produção dos conjuntos de máquinas de enriquecimento do minério em uma unidade localizada em Aramar , no estado de São Paulo. A informação surge do diretor de Produção do Combustível da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Samuel Fayad Filho.
Em outro movimento,já em curso, a Marinha está construindo uma usina-piloto para nacionalizar outra etapa do ciclo do combustível nuclear que ainda é feita no exterior, a conversão do urânio, de “yellow cake” em gás.
Ao mesmo tempo a Eletrobras escolheu o consórcio de bancos internacionais que financiará parte da construção da usina nuclear Angra 3, que está em fase inicial de obras. O grupo, que dará crédito para a compra de serviços e componentes no mercado internacional, é formado por cinco bancos franceses, liderados pelo Société Générale.
Angra 3 custará cerca de R$10,4 bilhões. O BNDES já aprovou financiamento de R$6,1 bilhões para encomendas feitas no mercado nacional, e R$890 milhões de empréstimos da Eletrobras. A usina deve entrar em operação em 2015, com capacidade de 1.405 megawatts (MW).
Para concluir o leque de novidades, até o fim do primeiro semestre deste ano, a Eletronuclear vai encaminhar ao governo federal os estudos técnicos sobre os locais com melhores condições para a instalação das próximas usinas nucleares que serão construídas no país. Anteprojetos mostram custos de R$ 3 bilhões para construção de cada unidade, sendo que as duas primeiras estariam localizadas no Nordeste do Brasil, em locais sendo discutidos mas com alternativas já identificadas.
(Por Paulo Costa, Exame, 28/01/2011)