Porto Alegre possui um Plano Diretor Cicloviário que prevê 492 quilômetros de ciclovias na cidade. Entretanto, a realidade é bem diferente - a capital do Estado possui apenas 8 quilômetros de vias aptas a serem usadas pelos ciclistas, todas na zona Sul. Na cidade catarinense de Joinville, por exemplo, são 76 quilômetros.
Até o final de março, a ciclovia da Restinga (com 4,8 quilômetros) deverá ser entregue aos usuários. A demanda é uma exigência antiga dos moradores da região. "Por tratar-se de uma área de forte comércio, onde as pessoas usam a bicicleta como meio de transporte, procuramos conciliar no projeto os dois interesses", declarou o diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari.
Nos próximos anos, mais dois grandes projetos devem sair do papel - na avenida Ipiranga e na Sertório. "Até o final de maio, esperamos ter o licenciamento da ciclovia na avenida Ipiranga em toda sua extensão. O projeto da Sertório já possui verba em orçamento para elaboração do projeto básico", informou Cappellari.
A fisioterapeuta Lauren Faria, moradora do bairro Tristeza, usa todos os dias a ciclovia da Diário de Notícias, no bairro Cristal. "Quase todo mundo vem andar de bicicleta por lazer ou exercício. Como meio de transporte, vejo pouca gente", afirma. Para Lauren, na Wenceslau Escobar, por exemplo, onde os ônibus passam muito perto dos ciclistas, poderia ser implantada uma ciclovia. "Os motoristas ainda são muito mal educados", reclamou.
Cappellari confirmou que antes de incentivar o uso das bicicletas como meio de transporte é preciso dar condições aos usuários. "O índice de acidentes desse tipo é muito alto", destacou, lembrando que o ciclista também tem sua responsabilidade. O uso dos equipamentos de segurança ainda é baixo, afirmou ele.
A Organização Mundial da Saúde indica a bicicleta como uma das formas de reduzir a inatividade. No país, há apenas 600 quilômetros de ciclovias. A frota é estimada em 75 milhões, mas só 4% é usada como meio de transporte.
(Correio do Povo, 28/01/2011)