Promotores e técnicos do Ministério Público estiveram reunidos na manhã desta quinta-feira, 27, para analisar as informações dos laudos e estudos realizados após a mortandade de peixes ocorrida em dezembro de 2010 no Rio do Sinos. O grupo foi coordenado pelo promotor regional de Defesa do Meio Ambiente, Daniel Martini, e integrou técnicos do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente e da Divisão de Assessoramento Técnicos envolvidos nas investigações.
Dentre as conclusões estabelecidas pelo grupo está o fato de que uma forte carga poluidora de origem industrial foi lançada e percorreu o Rio Paranhana, passando pela captação de água bruta de Parobé, atingindo o Sinos e causando uma redução drástica no pH (5,5), elevando os níveis da demanda bioquímica e química de oxigênio (DBO e DQO) nas águas do Sinos. As fontes dessa poluição estão sendo avaliadas por meio de relatórios de análises e dos laudos técnicos que devem ser finalizados no mês de fevereiro. As avaliações realizadas pelo grupo incluíram também dados que indicam a presença de esgoto doméstico não tratado e que contribui para o aumento da carga orgânica e de coliformes fecais, que consomem o oxigênio das águas. Assim, logo que a pluma de efluentes atingiu o Sinos, a situação ficou ainda mais grave. A água do Rio estava com níveis reduzidos de oxigênio dissolvido em virtude do quadro crítico de poluição causada pelo esgoto não tratado.
A mistura causou drástica redução do oxigênio da água e levou à morte de mais de 20 toneladas de peixes de diversas espécies, entre grumatãs, cascudos, traíras, lambaris, violas e carás. “Com tamanha carga poluidora de origem doméstica e industrial os teores de oxigênio dissolvido foram reduzidos de forma a não poder sustentar as condições ecológicas mínimas para suportar a migração das espécies no período da piracema”, explica Daniel Martini.
Os dados apontam, ainda, que o quadro crítico de poluição do Rio dos Sinos se agrava a partir de Taquara. Isso porque o trecho recebe do Rio Paranhana uma grande carga de efluentes sem tratamento ou com tratamento precário despejados pelos municípios de Três Coroas, Igrejinha, Parobé e Taquara. O Rio recebe, além disso, efluentes de indústrias de diversos setores, como coureiro-calçadista, alimentício e metal-mecânico.
Laudos, relatórios, autuações e depoimentos farão parte do conjunto de dados que foram analisados pelo grupo técnico do Ministério Público que subsidiará o relatório final a ser divulgado nas próximas semanas.
(Por Natália Pianegonda, MP-RS, 28/01/2011)