Desde 2008, o plantio do pinhão-manso para a produção de biodiesel vem sendo incentivado no Estado como uma cultura que recupera solos maltratados pela erosão, mas o incentivo de plantios em grandes áreas preocupa agricultores. A informação é que a Novabra está distribuindo mudas das plantas para agricultores com o objetivo de plantar 25 mil hectares no Estado.
O plantio, segundo a empresa, deverá abastecer a usina de biocombustível que será construída em uma área de Colatina por ela própria. A informação é que o plantio do pinhão será realizado até abril deste ano e a expectativa é que em dois anos os agricultores comecem a colher as sementes a serem transformadas em biodísel.
A empresa, que começou vendendo as mudas em 2009, desta vez está doand-as e garantindo que fará toda a compra da produção, repetindo o feito da ex-Aracruz Celulose (Fibria) ao fomentar o plantio de eucalipto no Estado, gerando uma serie de impactos ambientais e conflitos sociais na região rural no norte do Estado.
Este, ao que demonstram os pequenos agricultores, é o principal receio diante do plantio de pinhão-manso no Estado. Segundo eles, qualquer tipo de monocultura é considerado prejudicial à produção de alimentos.
Desde 2008, quando foi iniciado o fomento do pinhão-manso no Estado, cerca de 500 propriedades de agricultura familiar já aderiram à cultura, e este número só não é maior, segundo os agricultores, porque os produtores familiares acreditam ser necessário incentivar a produção de alimentos no Espírito Santo, ao invés dos plantios que ocupam grandes áreas.
Entre os municípios capixabas inseridos no Programa de Fomento de Pinhão estão: Colatina, Nova Venécia, Água Doce do Norte, Ecoporanga, Barra de São Francisco, Itarana, Laranja da Terra, Nova Venécia, São Gabriel da Palha, Santa Teresa, Vila Pavão, Águia Branca, Baixo Guandu, Governador Lindenberg, Itaguaçu, Mantenópolis, Marilândia, Pancas, São Domingos, São Roque e mais nove municípios do leste de Minas Gerais.
Mesmo com o receio de terem que enfrentar mais uma monocultura no Estado, agricultores familiares afirmam que o pinhão-manso é capaz de recuperar áreas degradadas pela erosão do solo, o que beneficia as pequenas propriedades e funciona como uma alternativa econômica.
Neste contexto, mesmo após 40 anos (média de vida útil do cultivo do pinhão manso), as terras utilizadas poderão ser remanejadas com outras culturas.
O pinhão manso (jatropha curcas) pertence à família das euforbiáceas, a mesma da mamona e da mandioca. É um arbusto grande, de crescimento rápido, que atinge até três metros de altura, mas pode alcançar até cinco metros em condições especiais.
(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 28/01/2011)