Campanhas em favor do uso de materiais sustentáveis e abolição das sacolas acarretaram em crise na indústria de sacolas flexíveis. O item sofreu quedas substanciais na produção nos últimos quatro anos. Em 2007 foram produzidas no Brasil 17,9 bilhões de unidades de sacolas plásticas; em 2008, a cifra caiu para 16,4 bilhões, uma queda de 8,4%. Um ano depois a produção foi de 15 bilhões. Já em 2010, segundo estimativa da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), a queda foi de 20%.
Com previsão de mais redução na produção, o setor acelera o processo de adaptação às sacolas “ecologicamente corretas”. Atualmente, 18% das embalagens flexíveis produzidas no Brasil são consideradas ecológicas, de acordo a Res Brasil, representante da marca de aditivos dw2 para fabricação de componentes de baixo impacto ambiental. “A diferenças dessas sacolas é que elas são aditivadas, se degeneram em três meses, enquanto uma sacola comum leva séculos”, explica Eduardo Góis, da Res Brasil.
O presidente do Sindiembalagens, Hélio Perdigão, ressalta que a crise é específica da sacola, mas a indústria de artefato plástico, de modo geral, segue em crescimento. “O mundo depende do plástico. O que precisa ter é um incentivo à reciclagem, que deixa o planeta mais limpo”.
Hélio Perdigão também aponta a necessidade de mais incentivo do poder público às empresas que trabalham com produtos reciclados. No ano passado, o Governo do Estado anunciou um pacote de incentivo às empresas recicladoras, mas não há lei regulamentada sobre o assunto no Ceará.
Ígor Ferreira, proprietário da BG Embalagens, diz ter percebido mudança no comportamento de seus clientes. “Faz uns cinco anos, eu não sabia o que era ecobag, nem meus clientes. Hoje todo mundo procura”, diz o comerciante. Há três anos nas prateleiras da BG Embalagens, as ecobags (redução de ecologic bag – sacola ecológica, em inglês) representam cerca de 15% do faturamento da loja.
“A ecobag ainda tem a desvantagem de ser muito cara. Em alguns casos uma unidade é o mesmo preço do milheiro de sacola (plástica) comum”, aponta Ferreira. O modelo de sacola ecológica mais barato que ele vende custa R$ 2,49. “Mas você só precisa comprar uma e acabou”, destaca.
O presidente do Sindiembalagens, Hélio Perdigão, recomenda a substituição gradativa das sacolas plásticas - 90% delas acabam no lixo ou nas ruas - por embalagens de papelão. “É mais fácil de reciclar, polui menos e uma sacola de papelão substitui três de plástico”, conclui.
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
No Brasil, 18% das sacolas fabricadas em 2010 são consideradas ecológicas. Essa meta era esperada para 2014, o que mostra que a indústria está apressada em se adaptar à educação ambiental dos consumidores.
USO DE SACOLAS NO MUNDO
Alguns países têm leis que restringi o item
Itália proibiu este ano o uso das sacolas.
Holanda só fornece sacola plástica paga
Irlanda cobra 15 centavos de euro por sacola plástica.
Na China é proibida a sacola plástica gratuita.
Nos EUA as sacolas de papelão são mais comuns no País. Mas ainda há consumo de sacolas plásticas. A primeira cidade americana a banir o uso do material foi São Francisco, em 2007.
No Brasil, em Espírito Santo e Belo Horizonte vigoram leis que proíbem o uso de sacolas plásticas.
(Por André Teixeira, O Povo, 27/01/2011)