A prefeitura de Mongaguá, a 93 km de São Paulo, estima em 10 t a quantidade de peixes mortos retirados das praias do município na última terça-feira. Segundo o biólogo Fábio Rodrigo de Azevedo, do Departamento de Meio Ambiente do município, as equipes da prefeitura trabalharam das 7h às 18h30 na remoção dos animais, que serão enviados para um aterro sanitário. A prefeitura acredita que a mortandade tenha sido provocada pela pesca predatória.
"Eu não creio que tenha sido nenhum problema ambiental, porque se não já teria sido constatado. (...) São peixes pequenos, que não têm grande porte e que os pescadores artesanais aproveitam, mas os industriais descartam, rejeitam, porque eles ficam dias, semanas dentro do barco e ficam apenas com produtos de alto valor comercial", afirmou Azevedo.
De acordo com o biólogo, a Polícia Ambiental coletou amostras dos peixes e as encaminhou para o Instituto de Pesca, que fará a análise do material. Azevedo acrescentou que irá entrar em contato com o Ibama para receber esclarecimentos a respeito da fiscalização dos grandes barcos de pesca industrial, que fazem a coleta principalmente do camarão.
"Essa ocorrência já teve aqui na região, não nessa proporção, mas já aconteceu em decorrência da atividade pesqueira", disse o biólogo. De acordo com Azevedo, relatos de moradores apontam para a presença de 10 a 15 barcos de pesca de camarão nas praias do município antes do surgimento dos peixes.
Segundo Azevedo, os pescadores são autorizados a fazer a pesca de arrasto - que utiliza redes para fazer uma espécie de varredura do mar - em determinadas épocas do ano, mas nem sempre a regra é respeitada. O biólogo afirma que o município pretende ampliar ainda mais as restrições à prática. "Tudo aponta para essa atividade. A prefeitura de Mongaguá tem brigado justamente para que a zona de proibição dessa atividade seja ainda mais para o fundo, para a gente não ter esse tipo de problema. Porque além de acontecer esse problema todo de espantar turistas e causar todos esses transtornos, tem a própria questão dos nossos pescadores artesanais", disse.
O caso
Milhares de peixes apareceram mortos na manhã de terça-feira em toda a extensão das praias de Mongaguá, na Baixada Santista. Os animais ocuparam grande parte da faixa de areia entre Praia Grande e Itanhaém e afastaram turistas que aproveitavam o feriado de aniversário de São Paulo.
(Terra, 26/01/2011)