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monocultura eucalipto
2011-01-26 | Tatianaf

As vidas dos trabalhadores agroextrativistas do estado do Maranhão se acercam de solicitudes, apreços e afagos provenientes dos imprevistos que vez ou outra atendem a um desígnio fatal como se a falta de previsão e de provisão risse a toa sobre o futuro alimentar, futuro energético e futuro ambiental da sociedade para o puro deleite das monoculturas de eucalipto, soja e cana.

As monoculturas incidem diretamente sobre as realidades socioeconômicas de uma região sem que isso corresponda a uma mudança significativa nos desígnios hierárquicos a que se submetem os setores menos favorecidos da sociedade.

Isso acontece porque o fenômeno das monoculturas se localiza no extremo da vida econômica e social de uma comunidade que é o ramal da produção enquanto que o ramal do trabalho é ignorado pelas fontes de financiamento dessas monoculturas. Elas refratam quaisquer tipos de crítica que burilem a História em seus aspectos menos óbvios, os quais pouco se observam na análise do fenômeno das monoculturas.

Congratula-se as monoculturas o tempo todo em tudo o quanto, principalmente, por elas representarem a modernidade nesse momento da vida econômica e social. Essa faceta sobeja recursos econômicos, sociais e tecnológicos o que ganha pontos perante parte da população, afinal quem quer fica pra trás quando se vê a maioria aderindo ou quando se vê o futuro bem a frente? Quanto de recursos econômicos os bancos emprestaram ou entregaram de mãos beijadas para os plantios de monoculturas? Que bancos e que fontes foram e são esses? Por quais caminhos esses recursos trilharam até atenderem os seus respectivos projetos?

A história moderna do capitalismo é a história da organização, reorganização e da desorganização do trabalho a partir da ótica da produção. Para o capitalismo, torna-se imprescindível a desorganização do trabalho como forma positiva de segmentos da sociedade gerarem suas próprias riquezas e seu bem-estar porque dessa forma o que for gerado de riqueza não se voltará mais para o bem-estar da sociedade como um todo e sim para o consumo individual de bens supérfluos que contribuem para a alienação do individuo dentro do sistema. Cada vez mais alienado, o individuo produz e consome qualquer produto sem se tocar para o seu destino ou sem se tocar para sua procedência.

Afora as suas façanhas que se notabilizaram como conquistas da humanidade, o capitalismo se esmerou em apagar as pistas dos seus procedimentos ao mascarar a sua perda de criatividade no campo da produção. Quase sempre, o capitalismo obteve sucesso nesse desenlace. O sistema recompensa a criatividade na produção e recompensa a produção da criatividade como seus atributos indissociáveis desde que a criatividade e a produção estagnem no seu campo de atuação porque ao estagnarem o capitalismo renova seus votos de pleno afeto e de plena confiança em relação aos que produzem e aos que consomem. A culpa da estagnação não é do sistema e sim das pessoas, do seu modo de vida e do seu modo de pensar. A culpa enseja nas pessoas o clímax da produção e da criatividade.

As comunidades da Santana, do Ingá e de São Felipe, município de Urbano Santos, Baixo Parnaiba maranhense, escutaram muito que seus modos de vida e de pensar envelheceram num mundo tão dinâmico. A Suzano, além de desmatar o Cerrado e plantar eucalipto em quase mil hectares, acomete os trabalhadores rurais dos povoados com projetos de plantarem suas roças em pouco espaço físico. A empresa quer que os trabalhadores rurais encampem a dadivosa idéia na qual agricultura familiar convive na boa com plantios de eucalipto em larga escala. Na modalidade de assessoria praticada pela Suzano, os agricultores suplantam séculos e séculos de roça no toco e de extrativismo de frutas com um projeto de horta comunitária. Como se vê a Suzano, em menos de um ano, arrebatou completamente o campo trabalho de três comunidades agroextrativistas de Urbano Santos para seu projeto de plantios de eucalipto em todo o B aixo Parnaiba e para toda a população da região alardeia a vinda de uma fábrica ou para Chapadinha ou para Santa Quitéria. Essa fábrica forneceria pequenos bloquetes de madeira para a Europa que os transformaria em energia térmica a fim de afugentar o uso do carvão mineral em suas casas durante o inverno.

Mayron Régis, jornalista e Assessor do Fórum Carajás, é articulista do EcoDebate.

(EcoDebate, 26/01/2011)


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