Engenheiro eletricista com mais de 30 anos de experiência, o portoalegrense Luiz Antônio Zank já havia trabalhado na Eletrosul entre os anos de 1977 e 1988 e até o início de 2011 atuava na Areva, uma fabricante de aerogeradores, quando recebeu o convite para assumir o comando da empresa responsável pelas obras do complexo eólico Cerro Chato.
Hoje, divide seu tempo entre Santana do Livramento e Florianópolis, onde está a matriz da Eletrosul, e Porto Alegre, onde vive com sua família.
Aos 59 anos, diz que aceitou o desafio de tocar o projeto por envolver um assunto que sempre lhe interessou e por levar desenvolvimento à região. “Eu sempre acreditei que a energia eólica era uma fonte interessante para somar e suprir a rede nos momentos de seca e de grande demandas de energia, além disso, um projeto desses gera trabalho à população. Isso é uma coisa que me dispus a fazer pelo Estado, que é fixar o pessoal no campo, neste caso, no Interior. É uma das maneiras de resolver os problemas sociais que temos hoje, principalmente, nas grandes cidades”, analisa.
Quanto às ações sociais, a Eólica Cerro Chato acertou diversos convênios com a Prefeitura Municipal, como a promoção de cursos em diferentes áreas e o fornecimento de mudas de árvores e lixeiras para a cidade. “Em troca, a Prefeitura permitiu que extraíssemos argila de uma jazida do município”, completa.
Dificuldades na Campanha
Frio ou calor intensos, distância dos recursos da cidade e, para piorar, falta de infra-estrutura e mão de obra qualificada.
“É bem diferente trabalhar nessa região da Campanha, diz o engenheiro. A questão do solo, por exemplo. Eu dizia que teríamos que construir as torres em locais onde não havia banhado mas me diziam que tinham alagadiços por toda parte e eu custava a entender isso”, conta.
“No contexto estadual, essa região do pampa ficou bastante abandonada, muita gente qualificada que eu conheço saiu. Fora isso, falta estrutura, se precisar guincho grande, tem que trazer de outro município. A atividade foi muito concentrada na pecuária e alguma agricultura. Lá fora, falta energia, água, tivemos que abrir poços de 150 metros para alcançar o aquífero”, lembra.
A meta da empresa entrar em operação completa em setembro de 2011, ao invés de junho de 2012, como está no contrato. “Há os empecilhos técnicos, alguns burocráticos, de documentações, mas temos de cumprir as regras de mercado para conseguirmos entrar no sistema”, ressalta.
(Por Cleber Dioni Tentardini, Jornal JÁ, 24/01/2011)