A autora do requerimento de convocação da Comissão Representativa do Congresso Nacional, senadora Marina Silva (PV-AC), emocionou-se na quinta-feira (20) ao falar das vítimas mortas nas enchentes que assolam a Região Sudeste. Segundo ela, o Brasil precisa de um plano nacional de prevenção e enfrentamento de desastres ambientais a ser coordenado pela Casa Civil da Presidência da República.
- Ele tem de ser montado com medidas estruturantes que passam pelo ordenamento territorial e fundiário das áreas urbanas. Além de uma rede de alerta emergencial, essas medidas estruturantes incluiriam a retirada das pessoas das áreas de risco, a criação de "piscinões", encostas e galerias, e isso custará bilhões - previu.
De acordo com ela, catástrofes ambientais ocorrem quando eventos extremos da natureza são associados à omissão do poder público, o despreparo da população e às condições de vulnerabilidade e imprevisibilidade do meio ambiente. Marina pediu o debate com profundidade e compromisso sobre essa tragédia e avaliou como "grande iniciativa" o sistema nacional de alerta proposto na reunião.
A senadora destacou ser necessária a combinação de políticas emergenciais - como sistema de alerta, sala de situação e rápida disseminação de informações - com políticas estruturais que lidam com esses novos fenômenos extremos da natureza, previstos pela comunidade científica desde 1990. Entre eles, ela citou o aquecimento das águas do Atlântico Norte, o furacão de Santa Catarina, a seca de 2004 na Amazônia e a seca na Região Sul em 2008.
De acordo com ela, já foram gastos no socorro e assistência R$ 2,3 bilhões. Em prevenção, foram gastos R$ 167 milhões. "Nós temos de inverter, gastar mais em prevenção e menos quando o leite já estiver derramado", afirmou. Para ilustrar, a senadora comparou os efeitos de terremotos dependendo de onde ocorrem, e citou que, por ter um sistema eficaz, no Chile terremotos mais intensos não geram tantas vítimas como o ocorrido há um ano no Haiti, que estava despreparado para sofrer os tremores.
Ela disse que os políticos têm mais responsabilidade, mas reconheceu que a sociedade também não se preparou. "Não vamos exigir que o governador e o prefeito tenham todas as respostas, mas têm que ter algumas. Nós, os deputados e senadores, não temos todas as saídas legislativas, mas temos de as medidas legislativas que nos competem", completou.
Ao lembrar o combate ao desmatamento feito na época em que foi ministra do Meio Ambiente, Marina se emocionou:
- Eu, amanhã, não serei mais senadora. A minha emoção é pela causa. Tomem essa que é a causa do século. É por ela que eu estou aqui e por ela saí candidata à presidência da República. Porque ela vai ceifar milhões e bilhões de seres humanos se nós a continuarmos tratando como se fosse causa de ambientalistas. Ela é uma causa econômica e social, e é grave. Isso não é um problema de ambientalista, é de economista, de geólogo, de governos, de empresas, de sociedade e de todo o mundo - frisou.
(Agência Senado, Amazonia.org.br, IHU-Unisinos, 21-01-2011)