O cultivo de eucalipto poderá incrementar a renda dos agricultores familiares daqui a alguns anos em Alagoas. Essa é a proposta do Projeto Eucalipto, que está fazendo experimento em sete regiões do Estado para definir quais são, entre as espécies puras e clonadas, as que melhor se adaptam ao tipo de solo e clima alagoano.
“O eucalipto é a oportunidade de uma poupança verde para o pequeno agricultor, porque ele pode ser cultivado consorciado com mandioca, hortaliças, fruticultura e até com a pecuária, desde que sejam tomados alguns cuidados”, afirma o agrônomo Vinícius Brito, gestor do Projeto Eucalipto e gerente de programas especiais da Secretaria Estadual de Agricultura.
De acordo com o agrônomo, na verdade o eucalipto pode render muito mais que uma poupança para os agricultores familiares de Alagoas. Apesar de hoje as mudas, que normalmente vem da Bahia, custarem entre R$ 0,60 a R$ 0,70, a unidade, com a popularização da cultura, o custo de produção deve ser reduzido.
Projeto chama atenção de empresas
Mesmo estando ainda em fase inicial, o Projeto Eucalipto tem chamado atenção de investidores fora do Estado. Segundo o gestor do projeto, quatro empresas multinacionais demonstraram interesse no cultivo da árvore, além de indústrias das regiões Sudeste e Sul do País.
Os nomes das empresas não foram divulgados, mas o gestor do projeto afirma que duas companhias do ramo de celulose, uma de energia e outra de pré-moldados entraram em contato com a Seagri e representantes de algumas delas participaram de visitas a algumas áreas de experimento na semana passada.
Conforme Vinícius Brito, o projeto iniciou a partir de discussões sobre o aproveitamento de terrenos em declive, que não podiam ser explorados pela maioria das culturas, como a cana-de-açúcar.
lagoas possui áreas promissoras para cultivo
Batalha – Conforme Marcelo Magalhães Coutinho, engenheiro agrônomo da Conar, que esta semana encerra as visitas as áreas cultivadas do experimento, já é possível dizer que Alagoas possui as condições climáticas e de solo compatíveis com o cultivo do eucalipto em escala comercial.
“É muito cedo ainda para tirar qualquer conclusão, já que o experimento ainda está numa fase preliminar, mas pelo desenvolvimento que já observamos em algumas áreas, as condições para o cultivo em escala comercial são muito promissoras” declarou.
Entre os locais escolhidos pelo experimento visitados até a semana passada, em apenas um deles o desenvolvimento do eucalipto foi considerado abaixo do normal. Na plantação no Parque Maria Amaral, em Batalha, as árvores plantadas há um ano e meio atrás não alcançam sequer 2,5 metros de altura, enquanto a média em outras regiões é de 12 a 15 metros.
Madeira pode alavancar polo moveleiro de AL
Além de benefícios para a agricultura, a popularização do eucalipto em Alagoas pode incrementar o polo moveleiro de Arapiraca, como confirma o presidente da Associação das Empresas do Distrito Industrial de Arapiraca, Luís Sandes, também empresário do ramo de movelaria.
“Atualmente, as empresas que usam o eucalipto como matéria-prima compram madeira de Minas Gerais. A partir do momento que houver uma produção local, os custos para os fabricantes diminuem, o que certamente irá melhorar os lucros e aumentar os investimentos no setor”, declarou.
De acordo com Vinícius Brito, o objetivo do projeto é criar um novo setor produtivo. “A expectativa é, que introduzindo uma nova cultura em Alagoas, sejam abertas portas para o desenvolvimento, atraindo novas indústrias e criando mais um setor produtivo que atenderá desde o pequeno agricultor, com a implantação do programa de fomento da floresta, até o médio e grande agricultor, além do setor industrial”, disse.
(Por Patrícia Bastos/Gazeta de Alagoas, 24/01/2011)