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emissões de gases-estufa
2011-01-24 | Tatianaf

Pântanos, os subestimados salvadores do clima – Seu crescimento, sozinho, seria suficiente para reduzir as emissões de CO2 a 100 milhões de toneladas por ano, a meta do Protocolo de Kyoto.

“Infelizmente, as pessoas ainda não têm consciência sobre a importância dos pântanos no combate ao aquecimento global”, lamenta John Couwenberg, pesquisador da Universidade de Greifswald, na Alemanha.  Embora os pântanos correspondam a apenas 3% da superfície da Terra, eles têm papel importante no ajuste da temperatura do planeta, pois capturam mais gás carbônico do que todas as florestas do mundo juntas.

As áreas pantanosas estão localizadas principalmente nas regiões frias das zonas boreais, entre as latitudes 50 e 70 do hemisfério norte. A Rússia sozinha abriga mais de um quinto dos pântanos em todo o mundo. Outras grandes regiões pantanosas existem também no Canadá e na Escandinávia, além da bacia amazônica e do sudeste asiático. Mesmo na África, segundo Couwenberg, estimam-se significativas áreas pantanosas na bacia do Congo e no Delta do Níger.

Os pântanos se formam quando o solo permanece sob a água durante muito tempo, como por exemplo nas regiões próximas a margens de rios ou em áreas onde há derretimento de neve. Devido à falta de oxigênio embaixo d’água, as plantas mortas decompõem-se mais lentamente do que as que crescem por cima da água.

Com isso, formam-se as turfas (material parcialmente decomposto), que absorvem o gás carbônico armazenado nas plantas. O solo formado pelas turfas, chamado de turfeira, cresce em média 1 milímetro por ano, e retém até 250 milhões de toneladas de CO2.

Faca de dois gumes
Há séculos, os pântanos são drenados para dar lugar a terras cultiváveis ou para extrair material para construção ou combustível. Através dessa drenagem, as turfas começam a se decompor e liberam o dióxido de carbono que haviam absorvido. E assim o armazenador acaba se transformado em disseminador de gás carbônico.

“Em todo o mundo, cerca de 10% dos pântanos foram degradados por causa das drenagens”, explica Couwenberg. Isso leva a uma emissão de gás carbônico de 2 milhões de toneladas por ano, porque as turfas são decompostas por microorganismos.

Diferente do que ocorre com o desmatamento de uma floresta, as emissões de gases causadores do efeito estufa nos pântanos não acontecem apenas uma vez, mas durante todo o tempo em que a turfa se decompõe. Dependendo da turfeira, esse processo pode durar séculos.

Nos últimos 20 anos, a emissão de gás carbônico causada pela drenagem dos pântanos cresceu 20%, em grande parte nos países em desenvolvimento. A degradação dos pântanos é especialmente extensa na Indonésia, onde grandes florestas de turfeiras foram drenadas para o cultivo de azeite de dendê, arroz ou aloe vera.

Além da decomposição das turfeiras, as queimadas nos pântanos, que ocorrem facilmente na turfa seca, fazem da Indonésia o maior emissor mundial de gás carbônico provindo da degradação dos pântanos.

Redescoberta do potencial
Enquanto isso, muitos países têm reconhecido o significado dos pântanos para o clima do planeta e começaram a restaurar suas áreas pantanosas. Existem projetos, por exemplo, na República de Belarus, nos Estados Unidos, no Canadá e na Alemanha. Na Rússia, a área de pântanos protegidos é de cerca de 50 hectares.

Para recuperar um pântano, basta preencher as valas de drenagem, explica a professora Vera Luthardt, da Sociedade Alemã de Estudo das Turfas. “Plantas nativas como juncos, caniços e musgos voltam a crescer normalmente depois de dois ou três anos”, diz ela. Mas até que a turfa volte a crescer, no entanto, são necessários até 15 anos. Para manter o efeito protetor dos pântanos no futuro, segundo Luthardt, é importante buscar alternativas para o uso do solo.

A proteção dos pântanos não descarta seu uso econômico. Os juncos que crescem nas áreas pantanosas podem, por exemplo, servir como fonte para energia de biomassa. “Existem aplicações suficientes para os pântanos, e também já temos tecnologia disponível. O problema está na execução e na vontade dos políticos”, diz Luthardt. São problemas que precisam ser resolvidos rapidamente, já que as turfas drenadas liberam mais gás carbônico por ano do que as emissões causadas pelo trânsito em todo o mundo.

(Deutsche Welle, EcoDebate, 21/01/2011)


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