A empresa portuguesa Martifer Renováveis Geração de Energia contratou a divisão brasileira da empresa indiana Suzlon Energy para implementar e operar todo o projeto de geração de energia eólica no Ceará e no Rio Grande do Norte. Serão gerados 218 megawatts, o equivalente a cerca de 15% do que foi contratado em todo o leilão realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o primeiro de energia eólica do país, em dezembro de 2009.
Serão cinco usinas, duas no Rio Grande do Norte e três no Ceará. As 104 torres que fixarão os aerogeradores terão entre 80 e 100 metros de altura, com potência de 2,1 MW. A capacidade é suficiente para abastecer mais de 160 mil famílias.
A expectativa é que as usinas entrem em funcionamento em março do próximo ano. A parte do detalhamento de engenharia começa já este mês, e a construção física deve começar em maio. O valor total do projeto não foi divulgado, já que a Suzlon está em período de silêncio.
De acordo com o presidente da empresa no Brasil, Arthur Lavieri, a companhia foi contratada para construir totalmente o projeto da usina eólica, desde as fundações e instalações das torres, com o gerenciamento da obra civil, até a construção da estrada de acesso e da subestação, além de todas as conexões à rede de energia.
A empresa fica responsável também pela instalação da rede de comunicação das usinas, do aterramento, da rede de proteção contra raios, e da rede de controles das torres. A Suzlon vai fabricar os aerogeradores e, para o restante, conta com diversos parceiros no país.
As empresas já têm as licenças prévias necessárias para a instalação da usina. A escolha dos terrenos foi feita pela Martifer, que precisou certificar a capacidade de manter uma geração média mínima. A empresa portuguesa vai também fornecer algumas das torres que serão utilizadas.
A asiática está apostando no crescimento do mercado brasileiro de energia eólica. O presidente acredita que será possível inclusive formar um mercado livre de energia eólica, sem que haja necessidade de contratos de longo prazo. Até o ano passado, a energia dos ventos era vista como mais cara, mas acabou se tornando mais competitiva do que alguns projetos de biomassa ou de pequenas centrais hidrelétricas (PCH).
Com essa competitividade, a expectativa é de que não faltem investidores interessados, mesmo com os equipamentos caros. O presidente da Sozlon confessou receber muitas ligações de sondagem de negócios.
"Hoje o Brasil só tem 0,7% da matriz energética em eólica. É muito pouco. Considerando a base pequena, a complementaridade com hidráulica, já que venta mais quando chove menos, o mercado deverá crescer bastante, inclusive no mercado livre", disse Lavieri.
Ele acredita que o país terá leilões anuais de energia eólica, já a partir do segundo semestre desse ano. "O ideal, inclusive, seria termos leilões a cada seis meses, para não termos pulsos de encomendas muito pontuais", acredita.
(Por Juliana Ennes, Valor Online, O Globo, 21/01/2011)