O vice-governador do Estado, Beto Grill, esteve reunido nesta quinta-feira em Herval com representantes de 17 municípios atingidos pela estiagem. Participaram do encontro os secretários estadual do Trabalho e Desenvolvimento Social, Luís Augusto Lara, de Obras Públicas, Irrigação e Desenvolvimento Urbano, Luiz Carlos Busat, e o técnico do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Cleber Soares. Foram apresentadas as orientações aos gestores municipais sobre os procedimentos necessários para concorrer ao processo de habilitação para a construção das cisternas.
Na próxima quarta-feira, dia 26, será apresentado o edital com informações para os municípios solicitarem cisternas com capacidade de 16 mil litros, suficiente para abastecer uma família de cinco pessoas durante seis meses. Serão cerca de 300 cisternas por município, levando em consideração o decreto de emergência das cidades cadastradas e as informações sobre as famílias em vulnerabilidade. "Estamos buscando agilidade neste processo, em fevereiro elas estarão construídas. Infelizmente a seca é um problema que tem solução gradativa", explica o secretário.
A Defesa Civil Estadual enviou na quinta-feira 2,4 toneladas de alimentos para Cerrito e 1,6 tonelada para Pedro Osório, municípios em situação de emergência devido à estiagem. Nesta sexta-feira, o envio é para Hulha Negra, que vai receber 12 toneladas de alimentos e quatro reservatórios-pipa de vinil, com capacidade de 4,5 mil litros de água cada. Até agora, já foram entregues 25,9 toneladas de alimentos, 150 filtros de água e disponibilizadas seis pipas de vinil.
Grill salientou os esforços que o governo vem fazendo no sentido de amenizar a difícil situação em que se encontram os municípios afetados pela seca. "Estamos agindo com rapidez, articulando junto à Defesa Civil e um grupo de secretarias diversas iniciativas, no intuito de oferecer soluções em médio e longo prazo."
O presidente da Azonasul e prefeito de Canguçu, Cássio Mota, destacou a agilidade e a vontade política demonstrada pelo atual governo em resolver a situação. "Antes mesmo de nos organizarmos para partir em busca de recursos e apoio fomos convocados para uma reunião no Palácio Piratini onde nos apresentaram medidas em caráter emergencial e foi esboçado um plano de atendimento às demandas. Essa rapidez com que o governo do Estado tratou a questão nos dá plena confiança nos resultados do trabalho que vem sendo realizado."
Após o encontro entre o governo e prefeitos, ficou acertado a montagem de um gabinete junto à prefeitura de Herval, juntamente com o representante do MDS, prefeitos e representantes dos 12 municípios gaúchos em situação de emergência, onde serão elaborados projetos em curto prazo visando a agilizar o atendimento à região.
No Rio Grande do Sul, 12 municípios tiveram situação de emergência decretada em razão da estiagem: Candiota, Pedras Altas, Herval, Hulha Negra, Cerrito, Santana do Livramento, Lavras do Sul, Pedro Osório, Bagé, Pinheiro Machado, Piratini e Aceguá. A localidade de Dom Pedrito enviou notificação preliminar, que antecede o decreto.
Sem chuva, microaçudes abertos permanecerão vazios
Como medida para amenizar os danos da estiagem, o governador Tarso Genro autorizou ordem para abertura de 159 microaçudes, a maioria nos municípios da região Sul. No entanto, sem cooperação climática, os produtores não podem se beneficiar da estrutura construída. Época de clima seco é ideal para a construção, porém, uma vez abertos, é preciso haver precipitação. "São armazenadores de água da chuva, pois não interrompem nenhum arroio ou sanga. O que se faz é uma barreira numa área apropriada pré-levantada e se espera chover. Sem isso, o gado não bebe água", explica João Pedro Finger, encarregado da Sistema Engenharia, empresa que, através de licitação, está abrindo microaçudes em Bagé, Herval e Aceguá.
Finger diz que, dependendo da profundidade, um microaçude garante água durante todo o verão. O volume de terra movimentada para abertura de microaçudes pode variar de 300 metros cúbicos a 6 mil metros cúbicos, dependendo do projeto e da necessidade do local. "Tem açudes de 2 mil metros cúbicos que juntam mais água do que os de 5 mil metros cúbicos, pois depende muito do terreno."
De acordo com Finger, de 30 ml a 40 ml de chuva já é uma boa quantidade para o armazenamento. Se o solo está muito seco, é preciso que primeiro ele fique encharcado. "Alguns microaçudes, que foram feitos mais cedo, mal terminamos e eles já estavam cheios, mas isso depende de chuva. Em algumas regiões há pancadas de chuva fortes, mas também seca rápido." Finger explica que as ordens de serviço são liberadas após o recolhimento da contrapartida por parte do produtor, que é 20% do valor de cada obra.
(JC-RS, 21/01/2011)