A agência regional da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) em Mogi das Cruzes aguarda um posicionamento da unidade de Taubaté sobre a concessão ou não de um Certificado de Aprovação de Destinação de Resíduos Industriais (Cadri), solicitado pelo proprietário da extinta fábrica de sapatas para freios, Kubota, em César de Souza, José Moreno Leon. Ele quer levar as mais de 2,5 toneladas de resíduos contendo amianto para um aterro de produtos perigosos que fica localizado em Tremembé - município que pertence à regional de Taubaté - e, por isso, precisa da autorização.
Segundo a assessoria de imprensa da Cetesb, esta manifestação da agência regional do Vale do Paraíba não deve demorar a chegar. A previsão é de que, no máximo no começo de fevereiro, se tenha este posicionamento. Se for autorizado, Leon terá seis meses para fazer a retirada do passivo ambiental, obedecendo a um plano de remoção que exige desde equipamentos especiais para o manuseio do produto, até especificações de como transportá-lo. Quando Leon adquiriu a falida Kubota em um leilão, ele já sabia que o custo para retirar o amianto da unidade seria maior do que o valor do próprio imóvel, dado a complexidade da operação.
Perigoso
Até que o processo se conclua, os resíduos contendo amianto podem prosseguir prejudicando o meio ambiente e as pessoas que residem no entorno da empresa, localizada na Rua Pedro Genovês. Ontem, a reportagem de O Diário foi até o local que, depois de muitas denúncias, acabou sendo murado e fechado pelo proprietário. No entanto, o galpão que abriga os sacos com o produto está, parcialmente, aberto. O vento forte e também a chuva podem arrastar a substância que, neste caso, penetraria no solo, contaminando, inclusive, o lençol freático.
Apesar desta constatação, o gerente regional da Cetesb, Edson Santos, informou que a Companhia já tinha conhecimento do fato. "Quando o Leon comprou já estava assim. Nós exigimos que ele mantivesse aquele galpão fechado, para que nenhum funcionário manuseasse os sacos, mas como acreditávamos que este passivo seria retirado rapidamente, não exigimos que melhorasse as condições de armazenagem", justificou o gerente. Leon já foi preso por ter enterrado parte do produto.
Além dos resíduos, a Kubota ainda apresentava cinco toneladas do amianto in natura que, no ano passado, foi retirado da empresa pela Sama, fabricante da substância. O amianto ou asbesto é uma fibra mineral natural que, segundo especialistas, traz riscos à saúde. Se inalado, pode ocasionar doenças ocupacionais, como câncer de pulmão, mesotelioma (tumor maligno raro) e alterações da pleura como áreas de espessamento, derrames ou placas.
(O Diário de Mogi, 19/01/2011)