O ex-vice presidente dos EUA, Al Gore, lamentou pelas enchentes que mataram mais de 670 pessoas na região serrana do Rio de Janeiro, mas disse que desastres ambientais provocados pelas mudanças climáticas são previsíveis. “Estamos em um momento de mudança na civilização mundial, estes dias são críticos para a crise climática. A geração de vocês tem a missão de fazer esta mudança”, disse o vencedor de prêmio Nobel da Paz pela sua defesa ao meio ambiente, durante palestra realizada nesta terça-feira (18) na Campus Party, em São Paulo.
Al Gore citou outras grandes enchentes que assolaram o mundo nos últimos dez meses, como as do Paquistão, da Austrália e da Colômbia. Segundo ele, a internet pode conectar pessoas para que elas troquem dados e criem ferramentas e mapas para indicar áreas potencialmente afetadas. Por isso, também, Gore destacou a importância da disponibilidade de dados governamentais acessíveis na internet.
"A internet é o ambiente de ideias e elas é que vão poder mudar as políticas de meio ambiente", pregou, sugerindo a criação de aplicativos web como, por exemplo, cada país mapear os dez principais emissores de gases de efeito estufa locais e promover uma competição mundial para ver quem consegue tirar um elemento dessa lista.
“As pessoas poderiam saber quanto de sua energia elétrica contribui para o aquecimento, e poderiam mudar sua maneira de consumo para reduzir o impacto", declarou também. "Nós emitimos todos os dias 90 milhões de toneladas de gases do efeito estufa e 20% disso ainda estará na atmosfera daqui a mil anos."
Marina Silva
A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva almoçou com o ex-vice-presidente e afirmou que ambos concordam que a conscientização da população é a principal ferramenta para que sejam executadas ações de combate ao aquecimento global. “Os cidadãos estão sempre à frente de seus líderes, portanto tem que partir de todos que as mudanças climáticas sejam evitadas, nas ações do dia a dia e na pressão por politicas ambientais”, comentou.
A ex-ministra destaca que tem esperança sobre o plano de contenção proposto pelo governo após o desastre, mas que ele só irá funcionar se unir toda a sociedade. “Tem que reunir os governos em todos os níveis, municipal, estadual e federal, os órgãos científicos com dados estatísticos e de previsão, mas é preciso contar também com relatos da comunidade local sobre as regiões potencialmente afetadas. É um cruzamento desses dados que será o ideal”, explicou.
A ambientalista lembrou ainda que a educação ambiental é importante para que haja mudanças e concluiu: “O governo precisa entender que a natureza não vai se adaptar a nós, nós é que temos que nos adaptar a ela”.
(Uol, 18/01/2011)