Ao entrar no site da Cargill, multinacional do agronegócio, você se depara com uma apresentação da empresa segundo a qual 'todos os esforços são norteados por uma visão que expressa as aspirações coletivas das pessoas que nela trabalham.' Mas a realidade desmente a teoria. Que o digam os trabalhadores da Cargill na região de Três Lagoas (MS), onde a companhia não respeita o acordo coletivo do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação e Afins com a retirada de direitos trabalhistas.
Em assembleia realizada pelo Sindicato no ano passado, ficou definido acabar com a prática de revezamento imposta de forma ilegal pela empresa. No sistema atual, a jornada de trabalho é de sete horas por dia da seguinte forma: trabalha-se sete dias e folga-se três, sem haver previsão no atual acordo coletivo de trabalho.
Outra resolução aprovada na assembleia foi a de revogar a prática do sistema de banco de horas, que também não está incluída no atual acordo coletivo.
"Devemos destacar que esta assembleia foi realizada antes do firmamento do acordo coletivo, na qual foi negado sistematicamente pelos trabalhadores tanto a forma de turno quanto o banco de horas", argumenta Nilson Cavalcante, presidente do Sindicato e da direção estadual da CUT-MS.
Em setembro do ano passado, o Sindicato entrou com uma ação na Procuradoria do Trabalho de Três Lagoas denunciando a empresa por práticas anti-trabalhistas. Além da ação, já foram enviadas diversas notificações dando prazo para a empresa regularizar o acordo. "Mesmo com a denúncia, com a fiscalização do Ministério Público do Trabalho, com as notificações do MPT, a empresa continua batendo o pé e dizendo que não vai alterar o sistema", informa o presidente do Sindicato.
Com a mudança na escala e o fim do sistema de cotas, destaca Nilson, poderia se contratar de 60 a 70 novos trabalhadores, além de beneficiar aqueles que já trabalham na empresa.
Uma nova audiência entre Sindicato e empresa está marcada para o dia 31 de janeiro.
(Por William Pedreira, CUT, MST, 18/01/2011)