Há uma semana o presidente do IBAMA, Abelardo Bayma, pediu demissão do cargo alegando discordar da licença ambiental definitiva para a construção da usina de Belo Monte. Pareceu um gesto nobre vindo da principal autoridade ambiental brasileira que, segundo confessou a amigos, estava resistindo às pressões para emitir a licença de implantação da usina sem a observação de todas as exigências ambientais.
Mas a saída de Bayma do cargo esconde outra confusão. Há um ano a Controladoria Geral da União pediu a expulsão dele do serviço público depois que constatou irregularidades na contratação, por R$ 20 milhões e sem licitação, do Instituto Virtual de Estudos Avançados sob responsabilidade de Bayma quando ele era assessor do ministério da Previdência, em 2004. É a mais rigorosa punição aplicada a servidores.
Mas Bayma conseguiu escapar da pena final graças a uma liminar obtida por ele no Superior Tribunal de Justiça que impediu a CGU de concluir o julgamento do seu caso. Outros dois colegas de Bayma envolvidos no mesmo processo administrativo — Liêda Amaral de Souza e Antônio César Bassoli — foram demitidos há menos de um mês por lesão aos cofres públicos e por uso do cargo em proveito próprio. A CGU começou a investigar o caso em abril de 2007, detectou várias irregularidades que vão da contratação sem licitação à entrega do projeto de gerenciamento de riscos sem as tecnologias que justificariam seu alto custo.
(Por Isabel Clemente, Época, IHU-Unisinos, 18/01/2011)