Se o início do ano de 2010 em Santa Maria foi atípico pelo elevado índice de precipitação, o contrário está acontecendo nesse ano de 2011. O fenômeno El Niño foi o causador do excesso de chuva nesse mesmo período do ano passado. O ano iniciou sob o efeito do El Niño e trouxe para esse ano o La Niña. Os dois fenômenos alteram o padrão das temperaturas e do ciclo de chuva e no Brasil e em muitas outras partes do Planeta. O El Niño é o aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico. O La Niña, que tem dado as caras para os gaúchos, ocorre devido ao resfriamento das águas na mesma região.
Mas essa falta de chuva caracteriza quadro de estiagem para Santa Maria? A resposta do engenheiro agrônomo da Emater, Cesar Medeiros é em tom de preocupação. Ele acredita que se não chover em Santa Maria nos próximos 15 dias o município irá entrar na lista daquelas cidades que sofrem com a estiagem. O engenheiro esclarece que há no momento em Santa Maria dois quadros – um deles já aponta para a falta de água para consumo na zona rural do município; a outra situação, ainda não tão crítica, mas já preocupante, é o “indício” de pouca água para as culturas plantadas pelos produtores rurais do município. “Hoje Santa Maria ainda apresenta uma quantidade suficiente para aquelas culturas aqui plantadas. Mas se no período de 15 dias não tivermos uma chuva que possa minimizar esse quadro, vamos começar a contar os prejuízos. A outra situação preocupante é a falta de água para consumo para a população dos distritos”, relata.
Qual o resultado disso tudo no dia-a-dia dos santa-marienses? Engana-se quem pensa que o quadro é de seca generalizada. Quem esclarece os efeitos do La Niña é o engenheiro agrônomo da Emater municipal, que aponta que um dos principais efeitos desse fenômeno é a irregularidade espacial e temporal da chuva. Na prática, isto significa chuva demais para uns e pouca para outros, e também chuva concentrada em poucos dias. Em algumas áreas, a chuva pode ser escassa na época normalmente mais chuvosa.
Por isso não é raro com que em um mesmo dia em Santa Maria chova apenas em uma localidade do município e não em toda a cidade. “O La Niña que está atingindo o Estado tem por característica a ocorrência de chuvas esparsas. Esses dias choveu muito em Camobi e praticamente nada em outras partes da cidade”, lembra. Ao contrário desse janeiro, em que Santa Maria registra apenas 18,66 milímetros (leia mais na página 7) em comparação ao mesmo período do ano passado, o mês registrou 395 milímetros, efeito decorrência do El Niño.
Conforme o engenheiro “o mais próximo do ideal” de chuva ocorreu em janeiro de 2010 quando foram registrados 80 milímetros.
Chuva ideal – Para que Santa Maria não integre a lista dos municípios de Cerrito, Candiota, Herval, Hulha Negra, Pedras Altas, Piratini e Santana do Livramento que já notificaram a Defesa Civil Estadual é preciso que chova de “forma contínua e uniforme”. “Uma chuva torrencial de nada vale. O efeito é paliativo. O ideal para a absorção da água da chuva pelo solo é de 11 milímetros por hora. Se chove de forma contínua por uma semana uma quantia de 11milímetros por hora teremos sobrevida”, projeta.
(A Razão, 18/01/2011)