A presidente Dilma Rousseff comandou ontem uma reunião para tratar da implantação do sistema nacional de alerta e prevenção de desastres naturais. A iniciativa foi motivada pela tragédia que atinge a região serrana do Rio de Janeiro, para onde irão hoje os ministros Fernando Bezerra Coelho (Integração Nacional), José Eduardo Cardozo (Justiça) e Nelson Jobim (Defesa). Aloizio Mercadante, da Ciência e Tecnologia, reconheceu que a implantação de um eficiente sistema de alerta levará quatro anos, mas espera que os efeitos dessa articulação sejam verificados no próximo verão.
O sistema inclui o aperfeiçoamento da coleta de informações meteorológicas, o mapeamento das áreas de risco, o treinamento de pessoal e da própria população em casos de desastres climáticos. "O peso dos desastres naturais decorrentes de fortes chuvas está se acentuando, e nós precisamos recorrer à prevenção", disse. Segundo Mercadante, levantamentos indicam que há hoje no país 800 áreas de risco (500 de deslizamento e 300 de inundação) envolvendo 5 milhões de pessoas. Os mapeamentos mais precisos são de Santa Catarina, de São Paulo e do Rio.
O ministro lembrou que há um mês já chegou ao Brasil um supercomputador para coleta de dados, que vai permitir maior precisão nas previsões meteorológicas, mas ainda existem etapas a serem cumpridas como a interligação da rede de radares e a compra de 700 novos radares meteorológicos. O orçamento será negociado com a Casa Civil e o Ministério do Planejamento.
Bezerra disse que o sistema de Defesa Civil no país é falho. Hoje, em cada cinco municípios brasileiros em apenas um a Defesa Civil funciona. Foi discutida ainda a possibilidade de ampliar os poderes do Ministério da Defesa em casos de desastres naturais. Em vez de apenas apoiar os governos estaduais, poderá comandar as operações de logística e mobilidade.
O governador Sérgio Cabral sugeriu ao governo federal que 100% das moradias do programa Minha Casa, Minha Vida, na região atingida pelas chuvas, sejam destinadas às famílias de áreas de risco. Metade do cadastramento das famílias era feito pelo município em questão, e os outros 50% ocorriam por sorteio.
(Correio do Povo, 18/01/2011)