De acordo com informações divulgadas pela Defesa Civil, o número de municípios em Situação de Emergência no Rio Grande do Sul subiu para nove na segunda-feira, 17. As cidades de Candiota, Pedras Altas, Herval, Hulha Negra, Cerrito, Santana do Livramento, Lavras do Sul, Pedro Osório e Bagé enviaram seus decretos em decorrência da forte estiagem que atinge o Estado desde o final de dezembro de 2010. Os municípios de Piratini, Pinheiro Machado, Aceguá e Dom Pedrito encaminharam a Notificação Preliminar de Desastre (Nopred).
Bagé
A Prefeitura de Bagé decretou situação de emergência oficialmente na sexta-feira, 14. O anúncio foi feito pelo prefeito, Dudu Colombo, após reunião com representantes da Defesa Civil, Departamento de Água e Esgotos de Bagé (DAEB), dos segmentos de produção, e do governo. Na ocasião, foi divulgado um diagnóstico sobre como a falta de chuvas afetou a zona urbana e rural da cidade.
Entre os principais prejuízos divulgados, o destaque fica com o setor de produção. Segundo estimativa apresentada, as perdas na pecuária atingem a marca de R$ 24,3 milhões, seguidos por R$ 8,6 milhões na agricultura. Além disso, as três barragens que abastecem o Município estão com níveis baixos. Na Sanga Rasa - maior de todas - o nível está 4,65 metros abaixo do normal. A do Piraí está 2,10 metros aquém do ideal. Já a Emergencial está 30 centímetros abaixo da normalidade. O acumulado do mês de janeiro chega a 50 milímetros, enquanto que a média histórica é de 150 milímetros.
"O entendimento de todos aqui é que, neste momento, é pertinente e necessária a decretação da situação de emergência", disse o coordenador regional da Defesa Civil, Max Meinke.
Na área urbana do Município, os moradores enfrentam um esquema de racionamento "12/12", no qual a cidade foi dividida em dois setores, e cada um dispõe de abastecimento por apenas 12 horas a cada dia. Mas na região da campanha, o abastecimento é ainda mais complicado, dependendo, em muitas localidades, de açudes cada vez mais secos ou, em último caso, de caminhões-pipa.
Os prejuízos no campo se avolumam. Em Bagé, alguns produtores rurais tiveram que abandonar plantações em função da escassez de água. Lavouras inteiras de hortifrutigranjeiros estão sendo perdidas. São produtos como beterraba, melão, abóbora, couve e alface. Segundo a Associação de Produtores de Hortigranjeiros de Bagé (APHB), alguns produtores desistiram de determinadas lavouras para evitar escassez ainda maior em produtos mais rentáveis ou ao menos ainda não totalmente perdidos.
La Niña
Segundo o Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas (CPPMet), da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a estiagem na região deriva do fenômeno La Niña e pode prosseguir pelo menos até abril. Já o 8º Distrito de Meteorologia do Instituto Nacional de Meteorologia, do Ministério da Agricultura, indica que o regime de poucas chuvas pode se estender ainda mais, e a normalização viria somente em meados de junho.
(Jornal Agora, 18/01/2011)