A China já é o país que mais aproveita a energia do vento. O gigante asiático ultrapassou os Estados Unidos e ocupa, agora, a primeira posição em capacidade instalada de energia eólica.
No total, os parques eólicos chineses somam já 41.800 megawatts (MW) de potência. Ainda em Junho, tinham 33.800 MW, contra 36.300 dos EUA. O ritmo de instalação de novos parques eólicos na China é, porém, mais de seis vezes superior ao dos norte-americanos.
Ao longo de 2010, à capacidade existente foram adicionados mais 15.800 MW – o equivalente a quatro vezes a potência eólica instalada de Portugal. No actual passo, a China vai-se consolidar na primeira posição, sem rival.
“Era expectável”, afirma António Sá da Costa, presidente da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (Apren). “Os chineses estão atrasados no consumo de electricidade, têm de instalar capacidade o mais rapidamente possível e já perceberam que as renováveis são o futuro”, completa.
Carlos Pimenta, especialista em energias renováveis, concorda, lembrando que a população chinesa está a migrar do campo para as cidades e a alterar hábitos, num processo que implica maior consumo de energia. “O Estado chinês há muito tempo que percebeu que vai precisar de muito mais energia”, diz Pimenta.
Em 2010, o consumo de energia eléctrica no país subiu 14,6 por cento, segundo dados divulgados hoje pelo Conselho de Electricidade da China, citados pela agência Xinhua. Cerca de um quarto da electricidade (26,5 por cento) é gerada por fontes não-fósseis – hidroeléctricas (22,2 por cento), eólicas (3,2 por cento) e nuclear (1,1 por cento).
A China já domina a maior parte do mercado mundial de painéis solares. Na energia eólica, parte dos aerogeradores instalados na China são produzidos no próprio país, mas ainda são os europeus que lideram o mercado. “É uma questão de tempo”, avalia Carlos Pimenta. “Com o actual ritmo de crescimento, a minha previsão é que aconteça no eólico o mesmo que aconteceu no solar”, completa.
Vários acordos comerciais na área das renováveis são esperados durante a visita que o presidente chinês, Hu Jintao, inicia amanhã aos Estados Unidos, segundo adianta a agência Reuters. Ambos os países competem pelo mercado mundial nessa área.
(Por Ricardo Garcia, Ecosfera, 17/01/2011)