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mosquitos transgênicos animais transgênicos
2011-01-17 | Tatianaf

O governo da Malásia decidiu, na última semana, adiar o primeiro teste a campo com mosquitos Aedes Aegypti transgênicos. Os 4.000 a 6.000 mosquitos do sexo masculino foram originalmente programados para ser soltos no mês passado para testar uma nova estratégia de combate à dengue. Entretanto, uma forte movimentação de ambientalistas foi capaz de suspender o plano.

Em um documento encaminhado ao governo da Malásia em 21 de dezembro de 2010, as dezenas de organizações signatárias pediram que nenhuma liberação de mosquitos transgênicos ocorra sem que haja transparência na avaliação dos impactos destes testes para o meio ambiente e para as pessoas. Pediram ainda especial atenção ao Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, do qual o país é parte (assim como o Brasil), e à lei de Biossegurança da Malásia, de 2007: ambos asseguram participação efetiva da população em questões desta ordem.

Estes mosquitos transgênicos são exatamente os mesmos cuja liberação experimental no meio ambiente foi autorizada pela CTNBio em sua última reunião de 2010 (ver Boletim 520). Conforme relatamos, serão liberados em Juazeiro - BA milhares de machos transgênicos que na teoria irão cruzar com fêmeas que carregam o vírus da dengue e gerar descendentes estéreis, que morrerão antes de chegar à fase adulta. É um tipo de mosquito terminator, e seus proponentes alegam que com sua continuada introdução no meio ambiente será possível reduzir a população dos mosquitos e com isso baixar a incidência da doença.

Testes deste tipo estão em andamento somente nas Ilhas Caiman e têm sido alvo de duras críticas por terem sido iniciados sem a realização de consultas públicas e por não se ter buscado o consentimento informado da população local.

No documento apresentado ao governo da Malásia, as organizações da sociedade civil ressaltam que os mosquitos transgênicos podem sofrer mutações (frequentemente não notadas rapidamente) e que efeitos não previstos podem ocorrer, mas que o foco destes testes a campo está em avaliar a adaptação dos mosquitos no meio ambiente e não na ocorrência de efeitos indesejáveis -- cuja observação deveria ser o primeiro passo.

Conforme dissemos no Boletim 520, existem estudos apontando que, pelo fato de o processo da transgenia ser pouco preciso, há entre 3 e 4% de chances de as larvas sobreviverem e chegarem à fase adulta carregando o transgene. E muito pouco se sabe sobre os potenciais efeitos deste “escape”.

As organizações da Malásia argumentam também que aspectos como as interações entre as duas espécies de mosquito transmissoras da dengue (o Aedes aegypti e o Aedes albopictus) e sobre seus predadores e presas deveriam ser melhor conhecidos antes que organismos deste tipo fossem introduzidos no meio ambiente. Em verdade, não existe virtualmente nenhuma experiência de avaliação de riscos desta nova tecnologia no plano internacional.

É preciso notar ainda algumas armadilhas desta nova estratégia para o controle da dengue: caso chegue ao estágio comercial, ela demandará a contínua liberação de milhões de mosquitos transgênicos em muitos lugares de modo a efetivamente reduzir a população dos mosquitos alvo. Nesta escala de intervenção, não só as preocupações já levantadas sobre os testes a campo são fortemente ampliadas, como podem surgir novos riscos. Por exemplo, há o temor de que a supressão da população do Aedes aegypti possa favorecer o aumento da população de outros mosquitos transmissores de doenças sérias -- como o Aedes albopictus, também transmissor da dengue.

Na verdade, já antecipando estes problemas, a inglesa Oxitec, a mesma empresa que desenvolveu (e quer comercializar) o Aedes aegypti transgênico, já está também desenvolvendo o Aedes albopictus geneticamente modificado da mesma maneira. Ninguém diz, entretanto, quem assumirá a responsabilidade caso os transmosquitos provoquem danos ao meio ambiente ou à saúde de pessoas ou animais.

(AS-PTA, MST, 17/01/2011)


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