A Central de Recebimento de Pneus e Resíduos Eletrônicos (Crepel) de Santa Cruz do Sul está disponibilizando à comunidade espaço gratuito para armazenagem de isopor. O produto será destinado à Venax Eletrodomésticos, de Venâncio Aires, para reaproveitamento.
O poliestireno expandido, popularmente conhecido por isopor, é utilizado em embalagens de alimentos (carne, frios, legumes e outros), de eletrodomésticos e de aparelhos eletrônicos. Depois de usado, costuma ir para o lixo e ocasiona problemas ambientais. Por causa do seu volume, entulha com rapidez os aterros sanitários, onde leva 200 anos ou mais para se decompor. Quando entra nos esgotos, provoca entupimentos e, nos rios e mares, as partículas são ingeridas por peixes e cetáceos, que acabam morrendo. Se for queimado, libera gás carbônico, contribuindo para o aquecimento global.
Segundo o secretário do Meio Ambiente de Santa Cruz, Alberto Heck, a maioria das cooperativas e empresas do setor de reciclagem não têm interesse em receber o produto que, por isso, é rejeitado pelos catadores. “Temos visto muitas lojas colocando essas embalagens nas calçadas. Elas acabam espalhadas pelo vento, carregadas pela chuva ou chutadas por desocupados, causando poluição ambiental e visual na cidade.”
Para tentar diminuir o problema, a secretaria fez acordo com a Venax, fabricante de refrigeradores, freezers e fogões. A empresa tem tecnologia para triturar o isopor, prensá-lo e produzir novas chapas, que são usadas para embalar seus produtos. Para viabilizar o projeto, os resíduos serão armazenados na Crepel, e a indústria, regularmente, virá buscá-los.
CONSCIÊNCIA
Conforme Heck, é preciso que as lojas colaborem, não colocando mais o isopor nas calçadas. Elas devem guardá-lo e efetuar a entrega na central. A recomendação também vale para as famílias que adquirirem produtos que vêm protegidos por esse material. “É o mínimo que cada um pode fazer, já que todos queremos um ambiente melhor.”
Nos próximos dias, a Venax deverá disponibilizar sacolas grandes (bags) para os estabelecimentos acondicionarem esse lixo, o que facilitará o transporte. Por enquanto, a Crepel atende terças e sextas-feiras, das 7h30 às 13h30, na Avenida Paul Harris, em um dos pavilhões da antiga Souza Cruz (a entrada é ao lado do Big). Ela ainda recebe pneus e eletroeletrônicos inservíveis.
Saiba mais
A composição do isopor é 98% de ar e 2% de plástico. Os estudos indicam que, quando jogado na natureza, pode levar entre 200 e 500 anos para se decompor. Existem muitas organizações ambientais desenvolvendo campanhas contra o uso do isopor. Elas propõem que as pessoas não comprem alimentos que venham nessas embalagens.
Para quem adquire eletroeletrônicos, sugerem que devolvam o isopor às lojas. Com isso, elas acabarão desestimulando os fabricantes a usarem o produto.
O isopor pode ser substituído, por exemplo, pela polpa moldada (como as de caixa de ovos) feita a partir de papel reciclado. Outra alternativa é a bioespuma, obtida a partir de produtos naturais renováveis, derivados de plantas e sementes como cana-de-açúcar, soja, mamona e coco.
(Por José Augusto Borowsky, Jornal Gazeta do Sul, 17/01/2011)