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angra 3
2011-01-13 | Tatianaf

O BNDES fechou o ano de 2010 com o anúncio, no dia 30 de dezembro, de um empréstimo de 6,1 bilhões de reais para a construção da usina de Angra 3, o correspondente a cerca de 60% do valor total da obra.

A estimativa de custos da obra, que era de R$ 7,2 bilhões em 2008, pulou para R$10,4 bilhões, de acordo com a Eletronuclear. Isso sem contar os R$ 1,5 bilhão já empregado na construção e os US$ 20 milhões gastos anualmente para a manutenção dos equipamentos adquiridos há mais de 20 anos.

“O governo brasileiro mostra mais uma vez que está disposto a bancar a construção de grandes empreendimentos contraditórios. O incentivo garantido às nucleares deveria ser direcionado a outras fontes de geração de energia, muito mais seguras e limpas, como a solar e a biomassa”, diz Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Energia do Greenpeace.

Apesar de justificarem revisão de contratos para a correção dos valores, as novas cifras mostram que os burocratas nucleares não sabem mesmo fazer contas. Desde 2008, no relatório “Elefante Branco”, o Greenpeace anunciava o aumento nos custos de instalação da usina de Angra 3 por conta de atrasos na construção e da disparidade entre os custos de empreendimentos brasileiros e internacionais.

De lá pra cá, o custo de instalação por kW de Angra 3 subiu 44%, de R$ 5330/kW para R$ 7.700/kW, enquanto o custo das eólicas caiu de 5 milhões para valores entre 4 e 4,2 milhões, segundo o resultado do último leilão de energias renováveis. E se não fosse a ajuda da baixa do dólar, a facada poderia ser ainda maior. Considerando que 46% dos equipamentos e serviços para a montagem do reator são importados, a desvalorização da moeda americana, cotada acima dos R$ 2,20 em 2009 e atualmente abaixo de R$ 1,70, teve influência no custo final da usina.

Escolha equivocada
Como prova de que caminha realmente na direção errada, enquanto tramita indefinidamente na Câmara dos Deputados uma proposta de política nacional para renováveis, o Projeto de Lei 630/03, paralisado desde fim de 2009, o governo acaba de  assinar uma medida provisória – o Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento de Usinas Nucleares – que isenta de impostos equipamentos e materiais para a construção de usinas nucleares.

“Um caminho energético limpo, seguro e mais barato é possível e está ao nosso alcance”, diz Baitelo. Segundo a nova edição do relatório Revolução Energética, que traz projeções  para a geração de energia para os próximos 40, o Brasil pode crescer em níveis atuais e chegar a ser 93% renovável até 2050, eliminando por completo as usinas nucleares e as termelétricas.

(Greenpeace, Ihu-Unisinos, 12-01-2011)


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