Como no período das grandes navegações, uma embarcação movida pelos ventos acaba de aportar no Nordeste. Nesse caso, a força do vento não enfuna as velas, mas fornece energia para os motores do E-Ship 1, navio de cargas desenvolvido pela Enercon GmbH, uma das principais fabricantes mundiais de usinas eólicas. A embarcação híbrida - tem também propulsão a diesel - atracou ontem no Porto de Pecém, no Ceará, carregada com pás e aerogeradores para usinas eólicas.
Os equipamentos se destinam às usinas que a Wobben, unidade brasileira da Enercon, com sede em Sorocaba, interior de São Paulo, constrói no País. Entre os projetos a serem beneficiados estão sete usinas da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) e quatro da Petrobrás, projetadas pela Wobben no Rio Grande do Norte. O navio, que ontem mesmos seguiu para o Rio Grande do Sul, também traz equipamentos para a ampliação das usinas da empresa de energia Ventos do Sul, em Osório.
O navio, com 130 m de comprimento, 22,5 m de largura e peso de 12,8 mil toneladas, foi preparado para reduzir em até 40% o consumo de combustível fóssil e as emissões de CO2 em comparação a uma embarcação convencional do mesmo porte. O superintendente comercial da Wobben, Eduardo Leonetti Lopes, diz que o projeto é inovador. "A proposta da Enercon e da Wobben é mostrar que a energia eólica pode ter muitas aplicações, incluindo a navegação", diz. O navio pode ser o piloto de uma frota que a transnacional passará a usar no abastecimento de seus mercados.
(Por José Maria Tomazela, O Estado de S.Paulo, 13/01/2011)