É consenso que a biodiversidade é vital para o ser humano. Não é à toa que esta riqueza natural seja reconhecida como um tesouro de valor incalculável e um dos pilares fundamentais para a qualidade de vida no planeta. Isso porque os sistemas e processos que os milhões de organismos de forma coletiva produzem alimento, água e até o ar que todos nós respiramos, ou seja, três quartos dos elementos fundamentais para a vida.
A Região Amazônica é considerada única e uma das mais ricas do mundo. Estima-se possuir cerca de um milhão de seres entre animais e vegetais, o que representa a metade das espécies registradas no planeta. Segundo dados de pesquisadores atuantes na região, a Amazônia abriga cerca de 2.500 tipos de peixes, 2.500 tipos de pássaros e 3.500 tipos de árvores com mais de 30 centímetros de diâmetro. Essa diversidade de árvores, segundo os estudiosos, constitui-se numa reserva de plantas alimentícias e medicinais.
Para o diretor do Departamento de Conservação da Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, Bráulio Dias, o importante é ampliar a discussão com a sociedade para refletir sobre a importância da biodiversidade. "A Floresta Amazônica é uma das regiões mais cobiçadas do planeta, por conta da diversidade das espécies da fauna e flora, indispensáveis para a descoberta de novos componentes para as indústrias cosmética e farmacológica", salientou.
Pesquisas
Diversas ações têm sido desenvolvidas no Amazonas em torno da problemática. O objetivo é o mesmo: preservar a diversidade biológica da região. Temos como exemplo a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), que ao longo de sete anos tem contribuído para ampliar o conhecimento sobre o bioma amazônico e, assim, também promover o bem-estar das pessoas que vivem na floresta e dela dependem. As iniciativas passam por investimentos em recursos financeiros para projetos que vão desde o ensino fundamental ao doutorado, como, por exemplo, as pesquisas realizadas por estudantes e professores de escolas públicas, por meio do Programa Ciência na Escola (PCE). Em 2008, os alunos desenvolveram pesquisa sobre a importância da biodiversidade amazônica para os ecossistemas.
No âmbito da criação de Núcleos de Excelência, há o Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex). O programa recebeu propostas dos cientistas William Ernest Magnusson e Neusa Hamada, ambos do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Eles desenvolveram os projetos: 'Insetos aquáticos: biodiversidade, ferramentas ambientais e a popularização da ciência para a melhoria da qualidade de vida no Amazonas' e o 'Planejamento de Levantamento da Biodiversidade e Monitoramento de Processos Ecossistêmicos para Inclusão Científica das Comunidades Rurais ao Longo da BR-319 no Amazonas'. Juntos, estes dois projetos receberam cerca de R$ 500 mil em recursos financeiros da Fapeam e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CPNq).
INCTs
A criação de Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) deriva de um programa do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT/CNPq) em parceria com a FAPEAM, entre os INCTs um que merece destaque é o Centro de Estudos Integrados da Biodiversidade Amazônica (Cenbam). O Instituto está em operação no Amazonas e prevê a centralização de pesquisas e estudos sobre a biodiversidade Amazônica.
O INCT conta com recursos na ordem de R$ 7 milhões para atuar com núcleos regionais nos Estados do Amazonas, Roraima, Amapá, Rondônia, Acre e Mato Grosso. A meta é promover a capacitação de recursos humanos em diversos níveis, além de viabilizar a adequação de infraestrutura de museus, herbários e coleções vivas, a instalação e recuperação de equipamentos e laboratórios e o intercâmbio para o aproveitamento do pessoal.
Ano internacional da biodiversidade
Com o propósito de aumentar a consciência sobre a importância de se preservar a biodiversidade em todo o mundo, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) declarou o ano de 2010 como o 'Ano Internacional da Biodiversidade'.
A ONU pretende evidenciar a importância da biodiversidade para a qualidade de vida dos seres humanos e promover a reflexão sobre os esforços já empreendidos a fim de salvaguardar e reduzir a perda da biodiversidade no mundo. Segundo o secretário da Convenção sobre a Diversidade Biológica da ONU, Oliver Hillel, junto à questão das mudanças climáticas, a perda da biodiversidade é o maior desafio para a humanidade atualmente. "Estamos perdendo essa biodiversidade a uma taxa mil vezes maior do que a taxa normal na história da Terra. De acordo com as previsões dos cientistas, até 2030 poderemos estar com 75% das espécies animais e vegetais ameaçadas de extinção. Hoje esse número é de 36%", revelou.
De acordo com especialistas, a biodiversidade pode ser definida como a variedade e a variabilidade existentes entre os organismos vivos e as complexidades ecológicas nas quais elas ocorrem. Também pode ser entendida como uma associação de vários componentes hierárquicos: ecossistema, comunidade, espécies, populações e genes em uma área definida, e varia com as diferentes regiões ecológicas, sendo maior nas regiões tropicais do que nos climas temperados.
(Agência Fapeam, Agência Amazônia, 13/01/2011)