O Canadá teve seu ano mais quente da história em 2010, de acordo com a agência ambiental do país, com impacto maior visto na região do Ártico.
A média nacional da temperatura no ano ficou 3 graus Celsius acima do normal, com base em dados preliminares, de acordo com um relatório publicado na segunda-feira pela Agência Ambiental do Canadá em seu site na Internet. É o ano mais quente desde que a medição nacional começou, em 1948.
A maioria das áreas do território de Nunavut e Quebec, no norte, ficou no mínimo 4 graus Celsius acima do normal, enquanto a região do Ártico ficou 4,3 graus acima do limite.
Também foram registradas temperaturas recordes ao longo das regiões de tundra, montanhas e fiordes do Ártico, da floresta do nordeste e das áreas do Atlântico.
Cientistas atribuem as temperaturas elevadas no Ártico às emissões de gases do efeito estufa, vilões do aquecimento global, que está derretendo as geleiras, aumentando a possibilidade do tráfego marítimo intenso e da mineração na região impactada.
"O que estamos vendo é claramente uma tendência, e as mudanças no norte parecem se tornar permanentes", disse John Bennett, diretor-executivo do Sierra Club Canadá.
O último ano mais quente foi 1998, com 2,5 graus celsius acima do normal, de acordo com os registros. As temperaturas anuais estão acima do normal desde 1997.
"Embora a temperatura irregular de um ano não seja prova de qualquer tendência a longo prazo, ter um ano muito mais quente que os anteriores é significativo", afirmou o porta-voz da agência canadense, Mark Johnson, em comunicado.
Uma área no sul das províncias de Alberta e Saskatchewan foi a única parte do Canadá com temperaturas próximas do normal no ano passado, mostraram os dados.
O governo canadense tem sido criticado por sua política ambiental que, segundo críticos, favorece os interesses das areias betuminosas de Alberta, a maior fonte de petróleo fora da Arábia Saudita.
Ambientalistas dizem que esse terreno é uma grande fonte de gases do efeito estufa e de lixo tóxico.
O novo ministro do Meio Ambiente, Peter Kent, recentemente provocou controvérsia ao caracterizar em entrevistas à imprensa o desenvolvimento de areias betuminosas como "ético".
(Folha.com, 11/01/2011)