Prejuízos para a pecuária leiteira podem chegar a 50% em CandiotaA Defesa Civil estadual já recebeu notificação preliminar de decretação de estado de emergência pela estiagem dos municípios de Hulha Negra, Cerrito, Piratini e Santana do Livramento. E entre hoje e quarta-feira pela manhã, Pinheiro Machado integrará o grupo. Além deles, Candiota, Pedras Altas e Herval já decretaram emergência e a eles foram destinadas cestas básicas para atender à população.

O vice-prefeito e coordenador da Defesa Civil municipal de Pinheiro Machado, José Antônio Duarte Rosa, disse que não há outra saída. "Até chove na cidade, mas no interior, os prejuízos são significativos. A produção da pecuária de leite caiu 50%", relata. Os plantios também estão prejudicados, segundo ele. Da previsão de plantio de 2 mil hectares de milho, apenas 500 hectares foram plantados, e os 1 mil hectares de soja financiados estão com problema de germinação. A falta de água para consumo humano já começa a ser notada, de acordo com Rosa, e ele espera, através da decretação, conseguir caixas d'água.

O secretário da Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Organização Fundiária de Santana do Livramento, Gregório Heredes, encaminhou ontem laudo ao prefeito Wainer Machado, feito junto a técnicos da Emater, da secretaria municipal, associações cooperativas, sindicatos e assentamentos. Com base na informação, o prefeito declarou estado de emergência.

De acordo com Heredes, de outubro a dezembro, o município registrou queda de 28% no índice de chuva. Com isso, o plantio tardio de soja já representa 15% de perda e a safra de milho registrou até o momento 45% de perda. A queda na produção da pecuária de leite chega a 50%, e na de corte a falta de água para os animais está reduzindo o número de terneiros nascidos. "A maior parte da região sofre com a falta de chuva e está começando a faltar água para o consumo humano, principalmente em muitos assentamentos", afirma.

O secretário quer tentar junto ao Estado acelerar a liberação do licenciamento ambiental para construção de microaçudes e bebedouros para os animais e da ajuda aos pequenos produtores para perfurar poços artesianos, que custa em torno de R$ 6 mil.

O município de Candiota também quer um estudo com o governo estadual para elaborar ações de longo prazo. O secretário de Agropecuária e Agricultura Familiar, Fabiano Oswald, lembra que a estiagem é um problema que ocorre todos os anos. "Neste ano começou mais cedo e ainda temos todo o verão. Queremos viabilizar a abertura de poços artesianos e de rede de abastecimento de água", diz.

Em Candiota, onde o estado de emergência foi decretado no dia 23 de dezembro, a situação está cada dia mais crítica. "Ainda em dezembro estimamos um prejuízo de R$ 6,5 milhões, que deve estar maior agora", ressalta o secretário. De acordo com Oswald, em dezembro o prejuízo na pecuária leiteira era de 35% e estima que tenha alcançado 50%. A pastagem toda foi perdida e, também no mês passado, o peso corporal do gado teve redução de 12%, sendo que 20 animais já morreram. A secretaria ainda não tem dados sobre as plantações de milho e feijão porque o período de plantio ainda não terminou. No entanto, já há registros de sementes não germinadas.

Além das 300 cestas básicas disponibilizadas pela Defesa Civil do Estado, o município alugou caminhões para distribuir água para a população. A Defesa Civil está disponibilizando um equipamento que pode ser colocado em qualquer tipo de caminhão. O equipamento tem capacidade para 4 mil litros de água, retirados da área urbana e distribuídos na zona rural.

O subchefe da Defesa Civil do Estado, major Oscar Luis Moiano, informou que em razão de dificuldades logísticas dos municípios o órgão providenciou ontem a entrega das cestas básicas para as regiões que já tenham decretado estado de emergência. A ajuda foi disponibilizada na sexta-feira da semana passada.

(JC-RS, 11/01/2011)