O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou ontem que espera para este ano a aprovação da construção de quatro usinas de energia nuclear no Brasil. Duas dessas usinas, segundo Lobão, iriam ficar na Região Sudeste e outras duas iria ser construídas no Nordeste. Rio de Janeiro, São Paulo e Minas são estados cotados para receber as novas instalações.
A única certeza de Lobão em relação à localização das usinas é que, no Nordeste, elas ficariam perto do Rio São Francisco. Ele lembra que usinas nucleares precisam ser próximas de um local onde haja disponibilidade de água em abundância, por causa da alta temperatura de aquecimento de seus reatores. O ministro afirmou ainda ser favorável à participação privada na construção das usinas.
“A energia nuclear tem alta produtividade, não depende de condições meteorológicas e, com a tecnologia atual, é limpa e não polui o meio ambiente. Eu, particularmente, sou favorável à participação privada nas usinas nucleares. Mas esse é um assunto que será decidido pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e pela presidente Dilma”, ressaltou Lobão, em entrevista coletiva.
Segundo o ministro, o CNPE se reúne ainda este ano para decidir sobre a aprovação da construção de usinas. Atualmente, existem duas usinas nucleares no Brasil, e funcionam em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio. A usina de Angra 3 deve estar em atividade até 2015. Como argumento para o uso de energia nuclear, Lobão diz que o Brasil precisa dobrar, em 20 anos, sua capacidade de produção de energia, atualmente em 110 mil megawatts.
Professor de Engenharia Nuclear da Coppe/UFRJ, Aquilino Senra lembra que as usinas nucleares devem ser usadas como fontes de energia complementares. Ele destaca ainda que, caso aprovadas, as quatro usinas iriam entrar em atividade, no mínimo, em dez anos.
“As usinas nucleares são mais estáveis, não estão sujeitas à variação do clima, mas, no Brasil, a previsão é que elas respondam por apenas 5% do total de energia produzida no País”, destaca.
Dawid Bartelt, diretor da Fundação Heinrich Boell no Brasil, uma organização que atua contra as usinas nucleares, vê com ressalvas as palavras do ministro. “Sem falar nos riscos, é preciso lembrar que a construção de uma usina nuclear é bastante cara. Além disso, o Brasil pode utilizar outras fontes renováveis de energia”, destaca.
(O Dia, 08/01/2011)