Promotores no estado da Renânia do Norte-Vestfália lançaram uma investigação a fim de comprovar se produtores de ração para frangos usaram de fato ingredientes contaminados com a substância tóxica dioxina. O secretário estadual de Defesa do Consumidor, Johannes Remmel, exigiu nesta terça-feira (4/1) que os responsáveis pela contaminação sejam punidos.
"Isso é um escândalo, cujas consequências políticas terão que ser discutidas. Temos que falar sobre a cadeia (produtiva) e avaliar se o controle é suficiente", disse Remmel à emissora alemã ARD.
Remmel disse ainda que mais produtores poderão ainda ser interditados ao longo das investigações. "Não acho que haja um risco muito sério, mas a dioxina simplesmente não faz parte dos alimentos. Existe uma razão para termos limites máximos permitidos. A dioxina é perigosa para a saúde e pode causar câncer", disse ele. A Secretaria de Agricultura da Baixa Saxônia, no entanto, qualificou as normas atuais como suficientes para a proteção dos consumidores.
"Pelas informações que temos, não há sério risco para os consumidores ao ingerir ovos", disse Helmut Schafft, diretor de alimentação animal do Instituto Federal de Avaliação de Risco. A Sociedade Alemã de Nutrição (DGE) alertou também contra reações de pânico, mas disse que, por medidas de segurança, as crianças não devem ingerir ovos diariamente.
Mais de mil granjas em toda a Alemanha foram proibidas de vender ovos e carne de aves, e mais de 8 mil frangos foram sacrificados depois que a substância cancerígena foi encontrada na ração animal.
Autoridades nos estados de Brandemburgo e Saxônia-Anhalt disseram que, de um total de 527 toneladas de ração animal, pelo menos 55 toneladas de ração suspeita foram utilizadas para alimentar frangos. E mais de 100 mil ovos contaminados já foram destinados ao mercado.
Conexões fora do país
Acredita-se que as propriedades rurais afetadas tenham comprado ração animal contaminada com dioxina do fabricante de ração animal Harles & Jentzsch, no estado de Schleswig-Holstein, no norte da Alemanha. A empresa teria, por sua vez, comprado produtos de um parceiro comercial na Holanda. O ministério público investiga a responsabilidade da empresa.
O diretor da empresa Harles & Jentzsch, Siegfried Sievert, disse nesta terça-feira que há anos mistura-se resíduos da produção de biodiesel à ração animal. "Acreditamos equivocadamente que os resíduos de ácidos graxos da produção de óleo de palma, soja e canola (utilizados na produção de biocombustíveis e fornecidos pela companhia holandesa) seriam adequados para a alimentação animal", declarou.
A empresa alemã Petrotec, que fornece os ácidos graxos para a empresa alimentícia holandesa, disse que seus produtos são adequados apenas para lubrificantes industriais e não para a alimentação animal.
No entanto, a fonte exata da contaminação por dioxina ainda não foi identificada. O porta-voz da Secretaria Estadual da Agricultura da Baixa Saxônia, Gert Hahne, disse que pode levar semanas até que todos os produtos das granjas afetadas possam ser testados para detectar a presença de dioxina.
A previsão que deixou a Associação Alemã de Agricultores indignada. Seus representantes alertam que a medida pode levar os agricultores à falência e exigem que os culpados paguem pelos danos.
(Deutsche Welle, MST, 07/01/2011)