As camisetas que chegam ao varal retornam ao tanque sem passar pelo corpo. Tarefas simples, como estender roupas, ficaram difíceis na casa da empresária Thauane Müller, 22 anos. Em Candiota, na região da Campanha, após meia hora no varal, as peças limpas ganham tons escuros.
A dificuldade vivida por Thauane, proprietária de um supermercado, tornou-se rotina na cidade que abriga uma usina termelétrica e é castigada pela estiagem. Sem chuvas regulares, as cinzas soltas pelas chaminés da usina de Candiota III, operando na capacidade máxima desde terça-feira, pairam sobre o município, que já decretou situação de emergência em virtude da seca.
— A fuligem sempre foi normal, só que no último mês, principalmente na última semana, aumentou. Se tu lavas o carro, ele fica sujo em seguida. Manter o mercado limpo fica difícil — relata a empresária, de mãos sujas após passá-las no vidro do veículo.
Responsável pela operação da usina, a Eletrobras CGTEE detectou falhas em equipamentos da unidade – que já estariam solucionadas – durante testes realizados em dezembro.
Para que a situação melhore é preciso que chova com intensidade. Pancadas como as dos últimos dias apenas amenizam o quadro. Pelas previsões, a rotina de reforçar a limpeza de móveis, fachadas, automóveis e roupas deve continuar em Candiota.
Contraponto
O que diz a Eletrobras CGTEE, em nota oficial
A Eletrobras CGTEE está monitorando as emissões das usinas instaladas em Candiota.
Em dezembro, durante período de testes e comissionamento da nova usina, foram detectadas algumas deficiências, o que pode ser considerado como fato normal no período de testes, ocasionando emissão maior de cinzas. Em seguida foram providenciadas as respectivas correções.
(Por Guilherme Mazui, Zero Hora, 06/01/2011)