A estiagem que prejudica a região sul do Estado e já colocou em situação de emergência os municípios de Herval, Bagé, Pedras Altas e Candiota já começa a preocupar a região. A hora é de poupar água. O Rio dos Sinos apresenta níveis mais baixos em comparação ao mesmo período do ano passado. Ontem, a medição na Estação de Captação da Comusa Serviços de Água e Esgoto de Novo Hamburgo registrava um índice de 2,51 metros, enquanto em janeiro de 2010 o nível era de 3,85 metros. A situação se torna preocupante caso o nível fique abaixo dos 2,20.
O rio está no seu limite e o grande problema do abastecimento, segundo o secretário de Meio Ambiente de Novo Hamburgo, Ubiratan Hack, é que da mesma forma que o rio enche ele escoa rápido. "Se continuar assim vamos ter que fazer racionamento como Bagé. Não só nas casas, mas em indústrias e lavouras. Todos já devem pensar em poupar." Mas a notícia boa é que em janeiro há possibilidade de chuva.
De olho nas dicas
1 Conserte os vazamentos das torneiras. Se avistar um vazamento na rua avise a Comusa pelo 0800-6000115
2 Encurte o banho. Divida seu banho em três partes: primeiro molhe a cabeça, os cabelos, o corpo. Deixe a água escorrer um pouco, aproveite para passar o xampu e desligue o chuveiro. Com o chuveiro fechado termine de lavar os cabelos. Ligue a água novamente e enxágue-se, desligue.
3 Reutilize a água. A água que sai da lavadora de roupas pode ser reutilizada para lavar pisos e banheiros
4 Nunca lave as calçadas com água potável. Empurrar folhas com a pressão da água, nem pensar. Use a vassoura para varrer as folhas
5 Se você precisa lavar o carro; use balde e pano
6 Mesmo para regar o jardim podemos impor algumas regras. Existem países onde o uso da água em ambientes externos durante o dia é punido com multas pesadas. Existem países onde falta água potável para beber
NÍVEL DO Rio dos Sinos
Janeiro de 2010
Dia 1º: 5,30 metros
Dia 2: 5,06 metros
Dia 3: 4,32 metros
Dia 4: 3,85 metros
Janeiro de 2011
Dia 1º: 2,80 metros
Dia 2: 2,69 metros
Dia 3: 2,65 metros
Dia 4: 2,51 metros
Fonte: Comusa - Serviços de Água e Esgoto de Novo Hamburgo
Plano também é fiscalizar
O secretário de Meio Ambiente de Novo Hamburgo, Ubiratan Hack, afirma que sua equipe vai intensificar a fiscalização nas margens do Rio dos Sinos para evitar a mineração clandestina. Outra medida importante será um estudo hidrológico para tentar solucionar o problema de escoamento rápido. "Outra preocupação é a mata ciliar que deveria ter 30 metros e, em alguns pontos, não tem nem cinco", diz. Ele lembra que se a chuva não vier pode haver falta de oxigênio na água e mortandade de peixes.
Campanha conscientiza comunidade
Pelo menos por enquanto, a estiagem não deve prejudicar o abastecimento de água no Município. Por meio de sua assessoria, a Comusa - Serviços de Água e Esgoto de Novo Hamburgo informou que não há preocupação imediata de racionamento. No dia 4 de dezembro de 2010, o nível do Rio dos Sinos era de 4,50 metros. Nível que baixou ontem à tarde e ficou em 2,51 metros. Para alertar sobre a importância da economia de água, a instituição lançou uma campanha de conscientização no início de dezembro do ano passado.
Chuva para a segunda quinzena
Segundo o meterologista da MetSul Meteorologia Eugenio Hackbart, na região há um déficit pluviométrico de 176,7 milímetros nos últimos três meses. É como se não tivesse chovido durante um mês e meio inteiro. "O que todos podem esperar para os próximos dias é muito calor, temperaturas acima de 30 graus e pancadas de chuva isoladas, de verão", alerta. Hackbart afirma que estatísticas dos últimos dez anos mostram que quando a estiagem começa a tomar força em outubro a expectativa é que uma chuva significativa interrompa essa estiagem. Ele acredita que, a partir da segunda quinzena de janeiro, devam ocorrer precipitações substanciais.
O tempo
A previsão do tempo dos próximo dias será muito semelhante. Quarta, quinta, sexta e sábado devem registrar sol e nuvens, calor e possibilidade de pancadas de chuvas localizadas da tarde para à noite. Segundo a MetSul Meteorologia podem ocorrer algumas pancadas fortes em pontos isolados do Estado
Decreto em vigor desde dezembro
Está em vigor desde 1.º de dezembro o decreto 6.568, que racionaliza o uso da água fornecida pelo Serviço Municipal de Abastecimento de Água e Esgoto (Semae) de São Leopoldo. A medida tem validade até 31 de março. A ideia é evitar o racionamento de água no município nos meses de verão. O decreto é uma reedição de outro, assinado em 2008, com alguns complementos.
Até agora, segundo o Semae, ninguém foi multado, apenas emitidas notificações. A multa para quem desperdiçar água potável é 50 UPMs (Unidade Padrão Municipal), que corresponde atualmente a R$ 105,17. A primeira reincidência implicará na duplicação da multa e, na segunda, o valor será triplicado.
O que não pode
De acordo com o Decreto 6.568, é vedado o uso da água para:
Lavagem de veículos automotores de qualquer espécie, com o uso de água potável distribuída pela rede pública;
Irrigação de gramados, jardins e floreiras, bem como qualquer outro uso da água tratada, que possa significar o uso não prioritário;
Reposição total ou troca de água de piscinas de clubes, entidades ou residências;
Lavagem de calçadas de prédios comerciais e industriais, condomínios ou residências;
OBS: Os estabelecimentos industriais, comerciais e residenciais deverão restringir o uso da água potável ao mínimo indispensável para suas atividades consideradas essenciais, conforme as suas especificidades.
Fonte: Semae
Produtores da região estão no limite
Novo Hamburgo e região ainda não registram perdas significativas nas lavouras devido à estiagem. Mas, de acordo com o extensionista rural da Emater de Novo Hamburgo Carlos D’Ávila Rocha a situação dos produtores está no limite. "Se não chover em uma semana, culturas como o milho, o aipim e a melancia começam a ser prejudicadas." Para evitar perda, ele destaca que o melhor é utilizar adubo orgânico, o que contribui com a maior retenção de água no solo. "Há, pelo menos, três anos, não era registrada estiagem como essa", diz.
Seca não afeta plantio de arroz
O diretor técnico do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), Valmir Gaedke Menezes, diz que o momento ainda não é de preocupação para os orizicultores. Isso porque, mesmo que em pouca quantidade, a chuva que cai ajuda. "Mas é necessário volume significativo até fevereiro para que não haja prejuízos", frisou. A expectativa é de que o Estado produza entre 7 e 8 milhões de toneladas de arroz, quantidade superior à safra de 2009, quando foram produzidas 6,700 milhões de toneladas.
Em emergência
Bagé, Herval, Candiota e Pedras Altas são os quatro municípios do Estado mais afetados pela estiagem e já decretaram situação de emergência
Em Bagé, o Departamento de Água e Esgoto (DAE) teve de fazer sistema de racionamento de água e dividiu a cidade em dois setores. Cada um recebe água por 12 horas
Já em Candiota, a estiagem começou em dezembro. Há distribuição de água potável em localidades do interior mais atingidas
Já em Pedras Altas, segundo o secretário de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, Fábio Tunes, não há problemas com o abastecimento de água, mas principalmente com a produção rural, como a secagem dos pastos
Ontem à tarde, Herval assinou o decreto de emergência. A principal economia prejudicada será a pecuária, mas as lavouras de soja, milho e feijão também estão danificadas
(Por Bruna Quadros e Laura Píffero, Diário de Canoas, 05/01/2011)