Nos períodos de chuva escassa, como agora, os 115 mil habitantes de Bagé ficam impotentes diante das torneiras secas. Um problema intermitente há mais de 20 anos na região. Em 2007, ao final da última grande estiagem, um alívio parecia estar próximo. Foi apresentado um projeto para a construção de uma quarta represa na região, batizada de Arvorezinha. Desde então, trâmites e mais trâmites são acrescidos à já conhecida burocracia.
Passaram-se três anos até que, no final de 2010, fosse concedida a licença ambiental para execução da obra, que deve acrescer 18 milhões de metros cúbicos de água.
O prefeito à época, Luiz Fernando Mainardi, hoje secretário estadual da Agricultura, culpa a Fepam pelo tempo de espera para iniciar os trabalhos:
— Não precisaríamos estar sofrendo com a falta d’água se não fosse a irresponsabilidade. É por falta de gente? Não sei. É preciso explicação. Não pode é esperar três anos. Toda essa demora para a obra se deve à Fepam.
Rafael Volquind, engenheiro e chefe da Divisão de Saneamento Ambiental do órgão, disse que a demora se deve a uma trapalhada que teve início na concepção do projeto.
— Chegou para nós (em março de 2008) um estudo capenga. Se tivesse havido um conjunto de reuniões preliminares para que nós definíssemos as diretrizes para a elaboração, mas não. Fizeram isso ao bel prazer — afirmou.
A previsão do atual prefeito, Dudu Colombo (PT), é de que a construção seja iniciada até março de 2011. A partir daí, o povo deve contar 18 meses para que seja concluída.
Saiba mais
A BARRAGEM DE ARVOREZINHA
- Valor da obra: R$ 30 milhões do PAC e R$ 4 milhões da prefeitura
- Previsão de início: março de 2011
- Previsão de término: setembro de 2012
AS BARRAGENS E SUAS CAPACIDADES EM METROS CÚBICOS
- Piraí: 2,2 milhões
- Sanga Rasa: 1,7 milhão
- Emergencial: 300 mil
- Arvorezinha: 18 milhões
ENTENDA O DRAMA
- Em 1989, Bagé registrou a pior seca, e o abastecimento foi quase totalmente interrompido.
- Após o colapso de 1989, um terceiro reservatório (além de Piraí e Sanga Rasa) foi construído, a Barragem Emergencial. O reforço foi insuficiente.
- Alguns racionamentos foram feitos na década de 1990.
- O problema maior veio em 2005, quando a seca voltou com força ao Estado e deixou as barragens quase sem água. Em dezembro daquele ano, iniciou-se um racionamento da cidade de 18 horas diárias. O procedimento foi até junho de 2007.
- Em abril de 2008, um novo corte parcial no abastecimento foi necessário, perdurando por três meses.
- Em junho de 2009, houve mais uma etapa de racionamentos, assim como se iniciou em 2011 processo semelhante.
(Por Kamila Almeida, Zero Hora, 05/01/2011)