O secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Beto Albuquerque, empossado ontem, pretende facilitar as condições para a implantação de um terminal de Gás Natural Liquefeito (GNL) no porto do Rio Grande. A Petrobras e empreendedores privados já manifestaram a intenção de construir um complexo dessa natureza na região. "Todos os estados querem ter um terminal de GNL, Santa Catarina é um deles, então vamos fazer a disputa política, pois esse empreendimento tem que ser nosso", sustenta Albuquerque. Ele acrescenta que a estrutura permitirá a expansão dos negócios da Companhia de Gás do Rio Grande do Sul (Sulgás).
Outro objetivo do secretário é acertar com a União os créditos relativos à Conta de Resultados a Compensar (CRC) devidos ao Grupo CEEE. A CRC diz respeito à compensação de pagamentos a ex-autárquicos e inativos. Em 1993, quando a atual presidente Dilma Rousseff era secretária estadual de Energia, Minas e Comunicações, a CEEE entrou na Justiça para discutir o direito a esses recursos (hoje estimados em cerca de R$ 3,4 bilhões). Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a razão da concessionária. "Quem deu origem a essa ação dará fim a ela", prevê o secretário.
Conforme Beto, não há mais nada que o governo federal possa fazer, a não ser pagar. O secretário comenta que ao receber os créditos será possível otimizar e ampliar a capacidade de geração de energia do Grupo CEEE. Ele adianta que em fevereiro o diálogo sobre a questão deve ser retomado com a União.
Quanto à Rodovia do Progresso - ERS-010, que teve sua licitação cancelada pela Justiça, Beto afirma que o governo avaliará as razões dessa suspensão. "Não temos preconceito contra Parcerias Público-Privadas, mas PPPs existem de vários tipos, é preciso encontrar uma que seja boa para todo mundo", argumenta o dirigente.
Porém, o secretário admite que não consegue vislumbrar a Região Metropolitana de Porto Alegre sem a nova rodovia daqui a dez anos. Ele detalha que o projeto da ERS-010 passará por uma análise técnica, para escolher se a opção a ser adotada será a aplicação de recursos próprios do Estado, do governo federal ou de PPPs.
Beto revela que uma câmara temática, que será instalada na secretaria, iniciará o diálogo sobre os pedágios. A preocupação, de acordo com ele, é o que acontecerá em 2014, pois até 2013 os contratos precisam ser honrados.
A ideia é debater com o governo federal o melhor arranjo para o sistema de pedágio gaúcho no futuro. Na solenidade de posse, foi confirmado o nome do engenheiro Marcos Ledermann como diretor-geral do Daer, Sérgio Dias como presidente do Grupo CEEE, Vanderlan Vasconselos como superintendente da Superintendência de Portos e Hidrovias e Dirceu Lopes como superintendente do porto do Rio Grande. No caso da Sulgás e da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), os presidentes ainda deverão ser indicados.
Candiota III entra em operação comercial
A usina de Candiota III (Fase C) sincronizou com o Sistema Interligado Nacional - coordenado pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), com 228 MW. Até o fim do dia deve chegar a 350 MW, sua capacidade total de operação. A entrada em operação comercial se iniciou na segunda-feira. Candiota III é a maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na região Sul, avaliada em R$ 1,3 bilhão, e utiliza dessulfurizadores, uma das mais modernas tecnologias para abatimento de material particulado visando à menor agressão possível ao meio ambiente.
O empreendimento da Eletrobras CGTEE foi aguardado por mais de duas décadas pela comunidade da Metade Sul do Rio Grande do Sul, e tem capacidade instalada de 350 MW, dos quais 292 MW foram comercializados em um leilão da Aneel em dezembro de 2005. A pedra fundamental foi lançada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela ministra das Minas e Energia Dilma Rousseff, em 2006.
"Agradecemos a todos envolvidos para tornar este sonho realidade. Desde a equipe construtiva, os órgãos governamentais, o presidente do Conselho de Administração da CGTEE, Valter Cardeal, e aos homens que presidiram a Eletrobras durante este período, na pessoa do atual presidente José Antonio Muniz", destaca o presidente da companhia, Sereno Chaise.
A usina tem capacidade de abastecer uma população de um milhão de pessoas com o perfil do consumidor gaúcho e é o primeiro grande negócio entre os governos do Brasil e da China. Durante o processo construtivo chegaram a trabalhar 4.600 operários na obra. O canteiro de obras repleto de trabalhadores de várias regiões do Brasil mostrou o mosaico de raças e etnias que forma o Brasil. Os sotaques do Sul, Norte, Sudeste e outras regiões, assim como de alguns chineses que também vieram emprestar seu conhecimento e experiência ao empreendimento.
Para a operação e manutenção da usina são 176 empregados diretos da Eletrobras CGTEE, todos contratados por concurso público. Toda a equipe já está operando. Adicionalmente, fixará outros 74 postos de trabalho terceirizados complementares (vigilância, limpeza, montagem e desmontagem de andaimes, isolamento térmico etc), totalizando 250 empregos fixos.
A China detém expertise na produção de equipamento para termelétricas a carvão. Atualmente o País concentra o que existe de mais moderno em termos de tecnologia para produção de energia a partir do carvão. Uma delegação com 55 componentes da Companhia foi enviada à China para treinamento. Eletrobras, CGTEE, Citic Group e o China Development Bank (CDB) iniciaram a parceria que culminou no empreendimento aguardado por mais de 23 anos.
(JC-RS, 05/01/2011)