(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
monocultura lenha
2011-01-04 | Tatianaf

Cotidianamente a legião de defensores ambientais tem ampliado, nossa sociedade aos poucos e progressivamente aumenta o interesse pelas causas e efeitos no meio ambiente. Não obstante, informações codificadas e quebradas chegam às pessoas, e as possibilitam um endetimento deficiente da realidade ou mesmo parcial.

Para exemplicar utilizarei três acontecimentos distintos, usando-os como pano de fundo para discussão:

a) Numa conversa uma pessoa me disse: Eu sou contra a derrrubada de árvores e meu pai também, apesar de que ele pode ser considerado como um destruidor. Ele precisou derrubar a Caatinga para vender lenha e fazer carvão para que eu estudasse.

b) Num dos guias eleitorais da vida, um candidato a senador disse a beira de um forno de uma calcinadora de gesso: Essa lenha que queima aqui é oriunda de desmatamento, trabalharei por outro combustível sustentável.

c) Num curso escutei: Aquela devastação do Araripe precisa acabar, não tem que plantar eucalipto não, tem que plantar espécies nativas. Aquilo tem que acabar.

d) Um cadidato a Governador diz que construirá um gasoduto de mais de 500 km, objetivando substituir a lenha.

No item “a” na qualidade de pai, acho que faria até mais do que o pai do jovem, que atire a primeira pedra o pai/mãe que não quer o progresso dos filhos e, sobretudo a educação. Será que os fins não justificariam os meios. É provavel que sim! Para nos católicos, Deus criou a terra, o céu, o mar e todas as formas de vida. Para mim foi atribuido ao homem o gerenciamento ambiental.

Todos os brasileiros já escutaram falar de secas no semiárido brasileiro, acho que também é comum o entendimento de que no Brasil, sobretudo no nordeste, há duas estações bem definidas (verão e inverno), inverno o tempo que chove, que geralmente ocorre num tempo compreendido entre 3 e 4 meses.

Certamente é fácil entender que os cultivos agrícolas são no geral exigentes de água, assim, após as chuvas o cultivo desses é complexo. Contudo, apesar das imagens iludirem as pessoas, as árvores da caatinga não morrem na seca, elas simplismente protegem-se ficando no que grosseiramente posso afirmar de dormencia.

Já sabemos que ao retirarmos árvores e criarmos condições para que a regeneração se desenvolvam em poucos anos outras árvore substituírão as retiradas. Esse é o fundamento de rendimento sustentável que é ensinado na Europa datado de perído anterior a 1500. Já a estruturação atual é do início de seculo XIX, na Alemanhã, e no Brasil já são mais de 50 anos de ensino.

Diante dos fatos: escassez de água, capacidade natural de crescimento (rendimento sustentável) e fontes de renda escassa, não seria o uso racional da caatinga uma fonte renda, e mesmo de sobrevivencia. É sim, e deve ser em minha singela compreensão, haja vista que quem vive nesse ambiente é que efetivamente sabe onde aperta o sapato. Assim derrubar árvores, desde que dentro de um plano de uso não é e nem deve ser crime, tão pouco fruto para vergonha ou arrenpendimentos. A natureza ai está para que se use de forma equilibrada, e o conhecimento para o uso sustentável existe a mais de século.

Já o item “b”, quanto a lenha não ser sustentável, sinceramente não sei o que mais é sustentável. A lenha sempre é tratada como filha dos outros, tomada como o cristo atual não deve ser desprezada. A lenha mesmo quando proveniente de desmatamento é o que sustenta muitos pais de famíliana Caatinga, sobretudo no período seco, é a lenha que possibilitou ultrajar muitas secas, foi ela que colocou feijão e arroz em muitos pratos de famílias sertanejas, e também possibilitou o estudo de muita gente. Muitos agricultores utilizam como uma poupança, para ser utilizada na hora da emergência.

Aquilo que se corta e cresce em ciclos, é uma fonte renovável. Cortar é apenas colher, tal como uma manga ou uma goiaba é colhida. É preciso entender que árvores podem ser colhidas, necessitamos destas para o nosso desenvolvimento. Agora um gas que de natural só tem o nome, e que leva milhoes de anos para forma-se. Onde o uso deste só faz com que as petroleiras ampliem suas riquezas e concentre renda. Usar lenha é uma forma de distribuir renda. O uso da lenha não deve ser um crime, crime é a forma de exploração, exploração sem plano de manejo florestal, ou mesmo sem formação de novas florestas energéticas.

Enquanto uma árvore no Brasil, leva de 4 a 35 anos para crescer a depender da espécie e a caatinga de 15 a 20 anos, a Amazonia de 35 a 50 anos, na Finlândia um ciclo levam de 60 a 120 anos. Cerca de 86% do território Filandes é coberto por florestas, e destes, apenas 21% são de plantios. Aqui quando se fala em floresta, os ambientalistas de asfalto defendem o plantio e nunca o manejo de florestas naturais, na contramão do que os finlandeses fazem. Aqui o potencial de crescimento tem que ser desprezado, pois é feio usar lenha e madeira. Bonito é utilizar o combustivel da moda, não é o que pensa 1 em cada 5 finlandês, dono de florestas.

Quanto ao item “C”,, existe uma celeuma social e ambiental, nenhuma árvore deve ser tomada para cristo. Porém, é o caso do eucalitpo. Nem sou contra tão pouco a favor do eucalitpo, sou contra aos plantios extensivos em monocultivos, a concentração de terra e a derrubada de florestas para plantio. Porém, entendo que quem planta feijão quer feijão, que planta milho quer milho, quem planta árvores quer madeira. E nesse campo, o bexiguento do eucalipto é extremamente eficiente. Lamentavelmente é a verdade.

Plantar espécies nativas é importante e legal, contudo, o conhecimento sobre os tratos culturais, desenvolvimento e comportamento destas no ambiente é infimamente pequeno em relação ao Eucalipto. Quem faz investimento deseja segurança e risco controlável. O Estado deveria investir mais em pesquisas e financiamento para plantio de espécies nativas, que estas também sejam plantadas em consórcio, do contrário provocam os mesmos maus do eucalipto e se não pior. Ninguém quer plantar uma árvore e esperar 30 anos para ter um resultado que não aconteça, é preciso segurança para quem planta e quem financia.

Quanto ao item “d” , é triste ver que a lenha uma fonte de energia renovável, seja substituida por uma fonte não renovavel. Lenha é energia renovável, suas emissões são compensadas quando provenientes de florestas manejadas (manejo florestal ou plantios).

Espero que o tal gás, tenha preços tão estaveis quanto à lenha, que consiga ser estável frente as oscilações cambiais. Pelo que sei os empresarios cansaram de investir em combustíveis fósseis, haja vista o gesso ser um produto de pouco valor agregado, e que o mercado não aceita oscilações bruscas. Os ditos combustíveis fósseis têm oscilações quanto ao cambio e por guerras por situações banais. Por outro lado, espero que os candidatos das petrolíferas procurem saber qual é o custo de calcinar uma tonelada de gesso com lenha, gás, glp, coque e diesel. Não esqueçam que essa cadeia produtiva gera 12 mil empregos diretos, e 60 mil indiretos numa populçao de 232 mil pessoas, e que 95% da produção de gesso do Brasil, saem do Araripe Pernambucano.

Lembro também aos candidatos, que já foi elaborado um Plano para Desenvolvimento Florestal do Araripe e que este precisa ser colocado em prática e não detonado ou mesmo no contrafluxo para o setor.

De forma geral, percebe-se que a lenha e o uso da caatinga são tratados como vilões ambientais, como algo a ser aniquilado e substituído. Estimados, a lenha é e deve ser um combustível para a geração de energia renovável. Contudo, o seu uso deve ser condicionado ao manejo florestal sustentável, uma técnica já utilizada há décadas no nordeste, e comprovadamente eficiente e de baixo impacto ambiental.

Não podemos desprezar a capacidade de crescimento de nossa vegetação, temos que aproveitar racionalmente, manejando nossas florestas e mesmo plantando, pois isso gera renda aos homens no campo, podendo ser uma fonte de renda complementar, sobretudo no período de estiagem.

(EcoDebate, 04/01/2011)
Cristiano Cardoso Gomes é Engenheiro Florestal e Licenciado em Ciências Agrícolas pela UFRPE, atua como consultor para ONGs, organismos internacionais e órgãos governamentais nas áreas de avaliação de ganhos ambientais, desenvolvimento territórial, eficiência energética e sistemas agroecológicos.
e-mail: biomacaatinga{at}gmail.com


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -