Uma nova mistura de gasolina com nível mais alto de biocombustível foi introduzida no país a partir de 2011: a chamada E10 ou Super E10, com 10% de etanol. A nova opção, entretanto, é controversa no país.
O desejo do governo alemão era introduzir a nova gasolina em todos os postos de combustível já no início de janeiro. Entretanto, os motoristas terão que esperar algumas semanas a mais, pois o novo produto não pôde ser disponibilizado em todos os 14 mil postos da Alemanha.
O trabalho de adaptação requer um grande esforço logístico, segundo Klaus Picard, diretor executivo da Federação Alemã da Indústria Petrolífera. “As refinarias têm que se adaptar, organizar o transporte da nova mistura”, justifica. “Os postos têm que ajustar suas tabelas de preços e sistemas de caixas registradoras”, complementa.
Além disso, segundo Picard, os mostradores das bombas devem conter a denominação do produto e também dispor de avisos bem visíveis, já que 10% dos carros não toleram a Super E10.
A rede Aral, líder no mercado alemão, espera que seus 2,5 mil postos estejam adaptados a partir do final de janeiro, já a Shell promete oferecer a nova mistura em toda rede “no decorrer do primeiro trimestre”.
E10 e proteção climática
A gasolina E10 leva 10% de etanol, que é o dobro do que contém a gasolina oferecida atualmente na Alemanha, a chamada E5. Com a introdução da Super E10, o objetivo do governo alemão é implementar as diretrizes da União Europeia (UE) sobre redução das emissões de dióxido de carbono dos automóveis.
Um dos problemas da E10 é que, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente da Alemanha, cerca de quatro milhões de veículos no país não suportam o novo combustível, podendo ter seus componentes metálicos ou tubos plásticos de alimentação de combustível danificados. Para esses automóveis afetados, a E5 deve continuar à disposição, pelo menos até 2013.
Entretanto, não há informações se haverá um aumento de preços por conta da introdução do novo combustível. Os representantes da indústria petrolífera alemã não quiseram tecer comentários, em parte devido a possíveis acusações de formação de cartel.
Especialistas acreditam que os preços aumentarão porque na Alemanha o etanol adicionado custa mais do que a gasolina. A Associação Alemã da Indústria de Biocombustíveis está otimista e não conta com aumento de preços. “A indústria do petróleo tem interesse em vender E10 porque é legalmente obrigada a levar biocombustíveis ao mercado”, explicou o presidente da entidade, Claus Sauter.
Reivindicações de ambientalistas
Abastecer o carro deverá ficar mais caro porque a indústria do petróleo deve gastar milhões na adaptação dos postos e das bombas de gasolina, na logística extra e no novo processo de mistura nas refinarias.
Especialistas avisam também que o etanol dispõe de menos energia do que a gasolina convencional, de modo que o consumo aumenta, em média, 3% em comparação com a gasolina.
Para os ambientalistas alemães, o uso de biocombustíveis também é controverso. Alguns grupos argumentam que o cultivo de plantas para produção de biocombustível nos países em desenvolvimento compete com a produção de alimentos, podendo, assim, contribuir para aumentar a fome. Na Alemanha, o bioetanol é produzido a partir de cereais como trigo e centeio, e da beterraba de açúcar.
A Sociedade de Proteção da Vida Selvagem da Alemanha (Nabu, na sigla em alemão) considera mais adequados outros meios para proteger o clima, como carros mais econômicos e novas tecnologias livres da emissão de dióxido de carbono. A entidade argumenta que o cultivo em grande escala das plantas para a produção de combustível ameaça as florestas.
“Até 2020, etanol e biodiesel produzirão enormes emissões”, afirma o presidente da Nabu, Leif Miller. Além disso, adverte, para que sejam atingidas as metas da UE sobre biocombustíveis, será necessária uma aérea suplementar de até 6,9 milhões de hectares.
(Agência Deutsche Welle, EcoDebate, 03/01/2011)