A Espanha adotou neste domingo (2) uma das mais duras leis antifumo da União Europeia, o que obrigou tradicionais cafés e restaurantes a se adaptarem. A lei, proposta pelo governo de José Luiz Zapatero, proíbe fumo em bares, restaurantes, escolas, hospitais e até arenas de touros.
As multas por infringir a lei podem variar de 30 euros a 600 mil euros. Uma emenda do Senado, que permitia o fumo em cassinos, foi rejeitada. O governo argumentou que a proibição é necessária, considerando que causas relacionadas ao fumo provocam 55 mil mortes anuais no país. Pesquisas do Ministério da Saúde mostram que mais de 30% dos espanhóis fumam.
Comerciantes protestam
Donos de bares e restaurantes afirmaram que a nova lei será um golpe ao comércio e agravará a crise econômica.
"Isso afetará nossos negócios porque pessoas que vêm aqui gostam de tomar café e fumar um cigarro", disse Fidel, garçom em um café enfumaçado de Madri.
"Não é o momento certo para mudar a lei. Podemos mudá-la quando (a economia) melhorar, agora não."
"Devemos lembrar que mais de 70% da população da Espanha não fuma. Portanto, é lógico pensar que estarão mais confortáveis em bares onde não haverá fumaça de tabaco", disse o ministro da Saúde, Leire Pajin, ao Parlamento quando a lei foi aprovada, em dezembro.
A Federação Espanhola de Hotelaria estima que a nova lei provocará a perda de 350 mil empregos --o desemprego no país já chega a 20%--, pois muitos espanhóis ficarão em casa em vez de evitar o cigarro enquanto tomam um café ou uma cerveja no bar.
Por outro lado, o governo espanhol, que luta para quitar seu enorme déficit durante a recessão econômica, parece esperar que a proibição não impeça tantos cidadãos de fumar.
O Instituto de Pesquisa Econômica da Espanha estima que a proibição provoque uma queda de 10% na receita dos bares.
O setor hoteleiro contribui com 7% do Produto Interno Bruto (PIB) da Espanha.
(G1, 30/12/2010)