A Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) pretende implementar com os produtores gaúchos um projeto-piloto de utilização de biogás. O presidente do Sistema Farsul, Carlos Sperotto, revela que, em janeiro, negociará uma parceria entre a Casa Rural - Centro do Agronegócio e a empresa Itaipu Binacional. A iniciativa prevê que a companhia repasse conhecimentos sobre a questão e auxilie na instalação de biodigestores (equipamentos de geração de biogás) no Estado.
O biogás é proveniente da degradação de matéria orgânica e dessa fonte é possível produzir energia elétrica, térmica e automotiva. O grupo Itaipu Binacional já apoia atualmente ações dessa natureza na região Oeste do Paraná. Sperotto salienta que o uso do biogás também pode ser aplicado no Rio Grande do Sul através de dejetos de suínos, de gado, entre outros materiais.
"É uma alternativa que tem a vantagem ecológica da destinação adequada dos resíduos, combinada com uma fonte de renda", aponta o presidente do Sistema Farsul. Ele acrescenta que a energia gerada pelo biogás pode ser empregada para atender às necessidades dos produtores e comercializada através da rede elétrica.
Sperotto teve, recentemente, contato com a experiência desenvolvida pela Itaipu Binacional quando presenciou a apresentação do superintendente de Energias Renováveis da empresa, Cícero Bley, na 16ª Conferência Mundial do Clima (COP 16, em Cancún-México), sobre o conceito de "economia do biogás". Bley enfatiza que o aproveitamento do biogás é economicamente viável e é possível ter o retorno do investimento em até dez anos. Ele argumenta que, além de gerar energia, a solução pode se candidatar a receber créditos de carbono, pois reduz as emissões de gases que provocam o efeito estufa. Os dejetos da suinocultura e da avicultura, quando não são devidamente tratados, geram gás metano, um dos principais causadores do efeito estufa, e que é 21 vezes mais poluente do que o gás carbônico.
Um exemplo para confirmar a tese de sustentabilidade dos projetos é a Unidade Industrial de Aves da Cooperativa Lar, localizada no município paranaense de Matelândia. A cooperativa conta hoje com um dos maiores biodigestores do Brasil. O biogás produzido ali alimenta geradores que suprem a eletricidade de todo o complexo entre as 6h e as 22h, de segunda a sábado. O sistema gera uma economia de energia entre R$ 250 mil e R$ 300 mil por ano, além de uma receita anual de R$ 500 mil com créditos de carbono.
Outro incentivo para os interessados em realizar empreendimentos como esse é a possibilidade de financiamento. No momento, existem duas linhas que podem viabilizar projetos de energia renovável em propriedades rurais: o Pronaf ECO e o ABC (Agricultura de Baixo Carbono).
(JC-RS, 24/12/2010)