Apesar do predomínio de transgênico no estoque de semente que sobrou, plantio de soja geneticamente modificada cresceu de 52% para 60% em MT
Com mais de 90% da área de soja plantada no Paraná, sobraram sementes convencionais. Para a empresa que domina a tecnologia da soja rr, o motivo é simplesmente a opção do produtor rural pelo grão transgênico. Já em Mato Grosso, onde sobraram mais sementes transgênicas, alguns produtores falam de uma certa falta de interesse por parte das indústrias na oferta de variedades convencionais.
Em Londrina (PR) revendedores como Willian Guerreiro esperavam comercializar 400 mil sacas de sementes de soja nesta safra. Ele reservou 85% para os transgênicos e vendeu quase tudo. O restante ficou com o grão convencional. Mas o problema é que faltou comprador para o não transgênico: sobraram 36 mil sacas de semente convencional.
Em todo o Estado do Paraná, das cinco milhões de sacas de sementes de soja produzidas, 944 mil sobraram nas revendas e cooperativas. Desse total, a maior parte, 70% são convencionais.
Mesmo no sul do Brasil, onde os produtores preferem o grão transgênico, muitos questionam o papel das multinacionais. Segundo eles, falta interesse das indústrias em lançar novas variedades mais vantajosas, que ainda sejam convencionais.
Entre as lideranças que levantaram a polêmica está a Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat). No Estado, a situação é diferente do Paraná: sobraram nesta safra cerca de 5,5 milhões de sacas de sementes. E 80% são transgênicas.
Segundo Pierre Patriat, presidente da Aprosmat, esta sobra maior de trasngênicos reforça a ideia de que a oferta de sementes convencionais foi reduzida pelas indústrias.
– Houve uma falta de oferta destas sementes no mercado. Mas eu tenho plena certeza de que o produtor não criou a falta de semente. O produtor não ia deixar de satisfazer o cliente dele se ele tivesse acesso a uma semente de categoria superior para fazer um campo de sementes deste – defendeu.
Apesar do predomínio de transgênico no estoque de semente que sobrou, o plantio de soja geneticamente modificada também cresce em Mato Grosso. Este cultivo subiu de 52% para 60% nesta safra.
A Monsanto informou que é lider em sementes de soja convencionais e que, por isso, continua oferecendo ao mercado as duas tecnologias. O diretor de soja da empresa, Marcio Santos, disse estar surpreso com o volume de sementes convencionais que sobraram nesta safra.
Ele afirma que o aumento na demanda por transgênicos é uma preferência do produtor. A Monsanto informou também que somente em Mato Grosso sobraram 84 mil sacas de sementes convencionais, o que equivale a 66% do estoque que restou deste tipo do produto em todo o Brasil.
(CANAL RURAL, 24/12/2010)