A Suzano Papel e Celulose segue a estratégia que tem como meta mudar o perfil da empresa quando chegar o centenário de sua fundação, em 2024. Nesse sentido, a companhia deu mais um passo para consolidar seu plano de negócios com a aquisição da distribuidora de papéis KSR e da outra metade da Conpacel, que pertencia à Fibria. O negócio, cujo valor foi de R$ 1,5 bilhão, levará a Suzano, imediatamente à produção de 1,3 milhão de toneladas de papel e de 2,1 milhões de toneladas de celulose ao ano. Porém o plano de expansão prevê outros dois mercados de atuação, o de biotecnologia e de energia renovável, cujas ações já começaram a ser tomadas este ano.
"O nosso plano 2024 levará a empresa a apresentar um perfil bem diferente do que temos hoje", definiu Maciel. "Passaremos a ser uma companhia de base florestal como poucas que existem no mundo", disse o executivo.
Uma das empresas criadas pela Suzano e que utilizará essa base florestal citada pelo executivo é a Suzano Energia Renovável, que produzirá pellets de madeira para a produção de energia elétrica. Nesse caso, o mercado europeu será o foco da empresa que terá, inicialmente, 3 fábricas na região Nordeste do Brasil e exportará para aquele continente quase a totalidade da produção de três milhões de toneladas anuais do produto.
Além disso, a estratégia da Suzano passa pelo uso da biotecnologia. Esse mercado será suportado pela Futuragene, uma empresa inglesa adquirida em julho deste ano por um valor que passa de US$ 80 milhões e que integrará as ações voltadas ao desenvolvimento genético das florestas da Suzano para aumentar sua produtividade.
O outro pilar dessa estratégia da companhia é a ampliação da capacidade de produção de celulose de mercado (aquela que é vendida). A meta da empresa é alcançar produção de mais de 6 milhões de toneladas nesse período. O volume seria atingido com a nova fábrica do Maranhão, cujo financiamento foi obtido ainda esta semana, mais uma outra unidade de mesma capacidade de produção no Piauí, além de uma terceira fábrica e a expansão da unidade de Mucuri (BA), estas duas sem data definida.
De acordo com Maciel, a decisão por adquirir os dois ativos veio após a aprovação de um empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no valor de R$ 2,7 bilhões para o projeto da nova fábrica de celulose no Maranhão. Essa espera ocorreu porque era necessário verificar como ficaria a estrutura de capital da empresa com a operação para então realizar o movimento.
Aliás, nessa operação de empréstimo o banco de fomento colocou como condição à Suzano a emissão de debêntures no valor de R$ 1,2 bilhão cujas sobras serão adquiridas pela entidade federal. Com isso, a perspectiva é de que o BNDES eleve sua participação na Suzano e fique entre 4% e 10%, no máximo, explicou Maciel que destacou ainda que a aquisição não atrasará o cronograma de implementação do projeto naquele estado, que inclui um porto.
Contra ataque
Segundo o presidente da Suzano, a aquisição levará a companhia a alcançar sinergias administrativas e operacionais de R$ 300 milhões que devem ser alcançadas em 2013. Além disso, para ele, esse movimento da companhia é uma resposta ao avanço da International Paper (IE) que tem no Brasil sua prioridade dentre todos os mercados onde atua.
"O papel é um grande negócio para a Suzano, o contrário da Fibria, que não tem grande participação em seus negócios", afirmou Maciel. "Avaliamos o negócio em poucos dias, pois já estamos na Conpacel há cinco anos e conhecemos bem as operações. Como temos em nossa estratégia a meta de sermos cada vez mais competitivos em papeis na América Latina, a aquisição da metade que pertencia à Fibria, somada à distribuidora KSR, nos dá um importante ganho de escala para enfrentarmos nosso maior concorrente, a International Paper".
Nas contas de Maciel, com a finalização da compra desses ativos, que deverá ser encerrada em janeiro para a Conpacel e em fevereiro para a KSR, a Suzano terá uma oportunidade para reduzir seu endividamento e manter uma relação equilibrada entre os resultados que a companhia apresenta e obrigações a serem pagas. Isso, porque o valor da negociação de ontem sairá integralmente do caixa da Suzano.
Além de metade da fábrica de Limeira (SP) a aquisição engloba uma área de 76 mil hectares, outros de 71 mil hectares de plantio, sendo que destes, 53 mil em oito áreas próprias e 18 mil são arrendados. A Conpacel produz 390 mil toneladas de papel e 650 mil toneladas de celulose ao ano.
(DCI, 23/12/2010)