A indústria brasileira de papel e celulose defende que as florestas plantadas sejam passíveis de geração de créditos de carbono. O objetivo é mudar o conceito atual de que apenas iniciativas que resultem na redução das emissões de poluentes sejam passíveis à geração desse mecanismo. A tese foi aceita para começar a ser negociada na Conferência Mundial do Clima (COP16), que terminou no última dia 10 em Cancun – México.
A Bracelpa considera que a busca de uma economia de baixo carbono deve gerar oportunidades para países como o Brasil, que dispõe de grande volume de florestas nativas e plantadas. A entidade lançou o primeiro relatório de sustentabilidade e o mapa do setor, que sistematizam dados sobre a atuação da indústria no País e o esforço das empresas na busca pela atuação responsável quanto ao consumo de energia, reciclagem, uso de água e redução das emissões de carbono. Por isso, a participação nas negociações climáticas visando à inclusão dos créditos.
ESTOQUE DE CARBONO
As florestas plantadas absorvem anualmente 1,5 bilhão de toneladas de CO2 da atmosfera, o que representa 66% de todo o carbono retido. No entanto, o Protocolo de Kyoto, que estabelece as regras dos créditos de carbono, não considera a sua inclusão uma vez que não há como garantir o estoque formado ao longo do tempo.
A proposta da Bracelpa estabelece o monitoramento periódico das florestas em relação ao volume de carbono estocado e o potencial de captura de CO2. Propõe também um acordo entre os negociadores para reposição de estoque e resseguro para as florestas plantadas. Com isso, afirma Elizabeth de Carvalhaes, haverá condições de oferecer garantias ao mercado e de fornecer dados futuros sobre a absorção de carbono. Apesar disso, a Bracelpa questiona o conceito de temporalidade das florestas plantadas, uma vez que o ciclo de absorção de CO2 nunca é interrompido. Segundo a entidade, mesmo quando uma árvore é colhida para aplicações diversas, em seguida, outra é logo plantada em seu lugar. Atualmente, as negociações de crédito de carbono de florestas plantadas só ocorrem no mercado voluntário.
(Itamaraty-Adaptado por Painel Florestal, Capital News, 23/12/2010)