Mais de 200 mil litros de lodo radioativo proveniente de piscinas que guardam resíduos da mineração do urânio estão vazando desde dezembro em uma mina operada pela empresa francesa de energia AREVA no Níger, denunciou o Greenpeace.
As piscinas estocam efluentes líquidos do processo de obtenção do urânio. Rachaduras nas piscinas já contaminaram dois hectares nas redondezas da mina, de acordo com inspeções contratadas pela ONG Aghir in"Man e pelo Greenpeace.
“Este novo vazamento demonstra que as más práticas nas minas de urânio da AREVA no Níger continuam a ameaçar a saúde e segurança das pessoas e do meio ambiente”, comentou a ativista do Greenpeace África Rianne Teule contrastando com as alegações da empresa que cumpre com padrões internacionais de saúde, segurança e meio ambiente.
Em maio de 2010, um relatório do Greenpeace, chamado “Left in the Dust” havia revelado níveis perigosos de contaminação no ar, água e solo em torno das minas de urânio da AREVA no Níger.
A Somari, subsidiária da Areva no Níger, produziu 1.808 toneladas métricas de urânio em 2009 e tem planos de expandir para 3 mil toneladas em 2012, segundo o site da AREVA, maior produtora mundial de urânio.
A chefe da assessoria de imprensa da empresa Patricia Marie não estava disponível para comentários ao ser contatada pelo jornal Business Week. O Níger, onde a Areva trabalha desde 1960 na mineração, é um dos países mais pobres da África, apesar de ser o terceiro maior produtor de urânio do mundo.
“Seu único interesse é tirar o máximo de lucro, reduzindo os custos o máximo possível, pouco importa que negligenciem as condições de exploração...Com um modesto faturamento de € 8.529 milhões em 2009, compreendemos que a Areva não tenha meios de assegurar seus locais de produção e evitar que as populações...paguem o preço da sua irresponsabilidade”, reforçou o site Nigerdiarpora, editado por cidadãos do Níger que vivem fora de seu país natal.
(Por Fernanda B. Müller, Instituto CarbonoBrasil/Agências Internacionais, 21/12/2010)