A Associação Pernambucana dos Expostos ao Amianto (APEA) realizou manifestação, no último sábado (18), distribuindo panfletos e expondo cartazes explanando sobre a realidade da substância no Brasil e o quanto ela é prejudicial à saúde daqueles que têm, de alguma forma, contato com ela, seja manuseando-a ou inalando-a. A mobilização aconteceu na esquina da avenida Caxangá com a rua Benfica, no bairro da Madalena. Eles se revezavam nos dois semáforos.
Os manifestantes eram, na sua maioria, ex-empregados de fábricas que manuseavam a substância e, hoje, são contaminados pelo amianto. “Temos muitos colegas que morreram e outros ainda vão falecer por conta disso. O câncer provocado pelo amianto é muito cruel e vai ressecando o corpo por dentro. No momento, tem mais uma vítima internada no hospital e o laudo médico confirma que a doença está relacionada à exposição anterior ao mineral”, disse o presidente da APEA, João Tenório da Silva, que acompanha, aproximadamente, 200 casos no Estado.
Segundo o presidente nacional da entidade, Eliezer João da Silva, o amianto está em telhas, caixas d’água, tubulações, entre outros, e o risco está na liberação das fibras no ambiente. Elas são cancerígenas e podem ter dimensões pequenas não vistas a olho nu. “Muitas casas e canos aqui ainda são feitos de amianto e isso deveria ser trocado e aterrado“, contou.
Ainda de acordo com a Abrea, o Brasil é o maior produtor do mineral no mundo, com uma produção de 250 mil toneladas, dos quais 30% suprem o mercado nacional e 70% são exportadas. O amianto, ou asbesto, é um cancerigeno conhecido que já tirou milhões de vidas e tem o seu uso proibido ou restrito em 62 países, entre eles a Itália, Japão, França, Alemanha e Austrália. No Brasil, a cidade de São Paulo foi uma das primeiras a banir o uso do mineral, através da lei 13.113, de março de 2001. A única mina em exploração comercial autorizada fica em Goiás, no município de Minaçu.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 125 milhões de pessoas continuam a se expor ao amianto em seus locais de trabalho, e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que 100 mil trabalhadores morrem a cada ano de doenças relacionadas ao amianto. Ainda assim, uma rede mundial de grupos de lobby gastou quase US$ 100 milhões desde a metade dos anos 80 a fim de preservar o mercado internacional.
(Blog da Fernanda Giannasi, 20/12/2010)