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coca-cola resíduos industriais
2010-12-21 | Tatianaf

A Sucos Mais/Coca-Cola alterou o volume de efluentes líquidos que é despejado no Córrego Rio das Pedras. A afirmação é do MPA, que esteve na região e atestou o volume de efluentes despejados no córrego pela empresa após inúmeras reclamações de moradores do bairro.

A informação é que o volume de efluentes industriais é superior ao total de água que corre no córrego e, portanto, está cada vez mais difícil manter atividades como irrigação das lavouras em propriedades da região. O problema já havia sido alertado por moradores que vivem às margens do córrego, mas, após inúmeros apelos, os processos judiciais que contestam a poluição do rio estão parados na Justiça.

O apontamento de especialistas sobre o conflito entre Sucos Mais/Coca-Cola é que há na região conflitos socioambientais e corrupção de órgãos do Estado que permitem a poluição na região. A pedido da comunidade, a Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB) e o Observatório dos Conflitos do Campo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) estão em campo investigando os impactos gerados pela empresa Sucos Mais/Coca-Cola em Linhares, no norte do Estado.

Até o momento, a informação é que um estudo preliminar já foi concluído e identificou impactos socioeconômicos gerados nas áreas de atuação dos agricultores camponeses, contrariando o laudo apresentado pelo MPES – baseado em estudos da empresa -, que não classificou a empresa como responsável pela poluição na região.

No relatório apresentado pelos técnicos do MPES, a informação é que a soda encontrada na água “provém do uso de sabão doméstico utilizado para lavar roupa no entorno” e que o lodo encontrado em alguns trechos do rio, são resultado do manejo inadequado do solo. A informação dos camponeses é que, três dias antes da visita técnica do responsável pelo relatório do MPES, a emissão dos dejetos industriais foi interrompida pela empresa.

Os técnicos da AGB e do Observatório dos Conflitos no Campo, durante a visita à região, entretanto, constataram a presença constante e numerosa de bolhas por toda a represa, as quaiks, segundo relatos, surgiram após a instalação do emissário da Sucos Mais/Coca-Cola. O forte odor denunciado pelos moradores da região também foi constatado pelos técnicos, identificando a presença de material em estado de putrefação.

Segundo o relatório preliminar das entidades, as lavouras da região estão destruídas devido ao uso da água do córrego para irrigação, e com o aumento do volume de efluentes a situação tende a piorar.

“As pessoas não se manifestam mais, pois têm medo das ações repreensivas. Além disso, a própria Justiça recomendou aos proprietários que não realizassem manifestação popular. A informação é que, havendo processo na Justiça, nada justificaria uma manifestação. E, no caso, o povo fica esperando pelo pior”, ressaltou Elias Alves, do MPA.
 
A informação é que o relatório da AGB e do Observatório Conflitos do Campo serão apresentados na tentativa de esclarecer os dados apresentados pelo MPES e demonstrar a real situação vivida pelos agricultores da região há cerca de oito anos.

Além de centenas de peixes e do impedimento do uso da água para irrigação, consumo para animais e lazer, foram constatadas mortes no gado na região após o consumo da água do córrego em suas margens.

(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 21/12/2010)


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